Existe caso de trombose venosa profunda sem indicação cirúrgica? Qual o tratamento?

| 2 julho 2010 | ID: sofs-4569
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
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Recorte Temático:

A trombose venosa profunda (TVP) é uma doença frequente (afeta 1 em 1000 pessoas a cada ano nos Estados Unidos) em pacientes clínicos e cirúrgicos e caracteriza-se pela oclusão total ou parcial de uma ou mais veias do sistema venoso profundo por trombos. Em 80% dos casos, o processo origina-se em veias musculares da panturrilha. Destes, 25% podem propagar-se para a veia poplítea e femoral (1).
Sua etiologia está relacionada com estase venosa, lesão endotelial ehipercoagulabilidade (tríade de Virchow). A principal complicação da trombose venosa profunda é a embolia pulmonar, enquanto a sequela mais importante, a longo prazo, é a insuficiência venosa. Cerca de 5 a 15% das pessoas com trombose venosa profunda não tratada podem morrer de embolia pulmonar (2).
A anticoagulação permanece como a opção terapêutica de escolha para a grande maioria dos pacientes. O manejo inicial consiste no repouso com elevação do membro afetado e terapia anticoagulante precoce. A anti-coagulação diminui a progressão da trombose, minimizando as alterações secundárias no membro afetado (1).
Quando a confirmação diagnóstica não é imediata, o tratamento deve ser mantido até o esclarecimento da dúvida. Nenhuma manifestação clínica é altamente sensível ou específica para o diagnóstico de TVP.
Contudo, existem escores compostos de diversos elementos diagnósticos que permitem razoável classificação do risco do paciente. Devido à alta frequência de diagnósticos incertos após o exame clínico e ao alto custo e morbidade associados ao tratamento, os exames complementares exercem papel fundamental (1).
O ecodoppler venoso, por sua alta sensibilidade (95%) e especificidade (95%), facilidade de execução, morbidade nula e baixo custo, tornou-se o exame de primeira escolha e indispensável para o diagnóstico de certeza (1).
Devido ao efeito anticoagulante imediato, a heparina não-fracionada (na dose diária de 24.000 a 36.000) UI é a primeira escolha para o tratamento inicial de tromboses extensas, exigindo internação hospitalar. Uma alternativa mais recente é a heparina de baixo peso molecular, tão eficaz quanto à heparina não-fracionada no tratamento da trombose venosa profunda e que permite que alguns pacientes selecionados sejam tratados em nível domiciliar.
Contudo, tal estratégia é restrita a pacientes em bom estado geral, sem multimorbidades significativas e com condições financeiras de arcar com os altos custos do tratamento (1).
Cerca de 24 a 48 horas após o início da heparina, deve-se iniciar a anticoagulação oral com cumarínicos, sendo a varfarina sódica o agente mais utilizado na dose inicial de 5 mg/dia. Faltam estudos mais detalhados sobre o uso dos fibrinolíticos no tratamento dessa condição, sendo sua indicação bastante individualizada e restrita a uso hospitalar (1).


Bibliografia Selecionada:

  1. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
  2. NH Clinical Knowledge Summaries [Internet]. [cited 2010 Jun 30].Disponível em: http://www.cks.nhs.uk/deep_vein_thrombosis Acesso em: 2 jul 2010.

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