A relação da periodontite com o parto prematuro tem sido investigada e diversos estudos mostram que pode existir uma associação entre ambos(1,2,3,4). Evidências indicam que a periodontite pode aumentar o risco de parto prematuro e/ou de baixo peso ao nascer, mas os mecanismos imunopatológicos pelos quais isto ocorre ainda não são totalmente compreendidos(1).
Sugere-se que a doença ocasiona e sustenta um estado pró-inflamatório com a disseminação intravascular de periodontopatógenos ou ainda, de mediadores inflamatórios como a interleucina 1-beta, prostaglandina E-2 ou fator de necrose tumoral alfa, que podem chegar aos tecidos placentários e desencadear o trabalho de parto(3,4).
Intercorrências na gestação associam-se geralmente à presença de mediadores da inflamação em níveis elevados tanto local (nos tecidos inflamados) quanto sistemicamente, provenientes de infecções ascendentes da vagina ou mesmo de fontes não genitais, como aquelas de origem periodontal(1,2).
Apesar disso os achados são baseados, em sua maioria, em estudos com risco de vieses relevantes devido a problemas metodológicos, reduzindo o nível das evidências. Contudo, isso não invalida a importância do acompanhamento odontológico de gestantes para promover, manter a saúde bucal ou evitar problemas como as doenças gengivais associadas à gravidez, frequentes nesse período em que a mulher necessita de cuidados especiais.
Nesse sentido, é de extrema importância uma abordagem multiprofissional dessas pacientes. É necessária a troca de conhecimento e informações entre todos os profissionais envolvidos com o atendimento de gestantes. Esse processo de aproximação entre médicos, dentistas e outros profissionais, poderá contribuir imensamente com a melhora clínica da saúde geral e bucal dessas pacientes, além de prevenir possíveis desfechos gestacionais prejudiciais à saúde da mulher ou do bebê.
O aumento de níveis hormonais, principalmente do estrógeno e da progesterona(5,6), no plasma por vários meses durante à gestação humana, pode levar ao acometimento de gengivite com maior prevalência e gravidade do que em não gestantes(7). Além disso, o granuloma piogênico representa uma manifestação inflamatória exagerada comum nesse período também.
Vale ressaltar que as gestantes podem estar suscetíveis ao desenvolvimento de doenças sistêmicas como o diabetes gestacional, que pode prejudicar a saúde materna e infantil. A periodontite é considerada como a sexta complicação mais frequente do diabetes e ambas as doenças possuem uma via de mão dupla. No entanto, a periodontite é frequentemente ignorada pelos profissionais de saúde, embora possa estar associada a uma série de doenças e condições sistêmicas(8,9,10). Daí a importância de que todos os profissionais de saúde envolvidos no atendimento destas pacientes dialoguem a respeito das condições de saúde da paciente como um todo.