O uso da vacina BCG em indivíduos susceptíveis à hanseníase parece ser capaz de oferecer alguma proteção, podendo ser uma opção na prevenção primária da doença.
Segundo o Colégio Canadense de Médicos de Família, é uma atribuição destes profissionais a elaboração, execução e avaliação de ações de prevenção primária voltadas à população sob sua responsabilidade.
A vacinação com BCG como prevenção da Hanseníase é um caso que ilustra bem esta situação, principalmente por tratar-se de doença endêmica em nosso meio. Trata-se de uma vacina largamente utilizada mundialmente e ainda controversa. No calendário vacinal adotado no Brasil, a segunda dose, aos 10 anos de idade, deixou de ser recomendada. A segunda dose, apesar de não apresentar benefícios na prevenção da tuberculose poderia ser capaz de reduzir a incidência de novos casos de hanseníase? Os resultados dessa meta-análise (1) parecem responder afirmativamente a essa pergunta. Deve-se levar em consideração na análise dos resultados da meta-análise, que a vacina BCG faz parte do calendário vacinal como prevenção da tuberculose na maioria dos países onde se realizaram estudos. A maioria dos estudos avaliou a vacinação prévia com BCG apenas pela presença ou não da cicatriz vacinal, calculando a prevalência desses indivíduos no grupo estudado. Tal fato pode levar à subestimação do efeito protetor da vacina contra a hanseníase, uma vez que parcela significativa da população estudada, incluindo os controles nos ensaios clínicos, pode já estar sendo beneficiada por efeitos protetores da mesma.