O linfonodo aumentado é um achado frequente em atenção primária à saúde. Na maior parte das vezes, representa uma resposta adaptativa normal a um estímulo imunológico ou infeccioso, no entanto também pode significar uma doença inflamatória ou neoplásica grave. Cabe ao médico uma estratégia racional de avaliação, protegendo de uma investigação invasiva e iatrogênica a grande maioria dos pacientes que têm quadros claramente benignos, ao mesmo tempo em que permite identificar aqueles com doenças graves, que se beneficiam de tratamento imediato em nível secundário ou terciário (1,2).
Os linfonodos retroauriculares são responsáveis pela drenagem da linfa do conduto auditivo externo, orelha externa e couro cabeludo. A linfadenopatia retroauricular pode ocorrer nas otites externas e infecções do couro cabeludo, bem como nos quadros de rubéola, onde comumente se associa ao acometimento de cadeias linfáticas occipitais (1).
COMPLEMENTAÇÃO
O corpo humano tem aproximadamente 600 linfonodos distribuídos em diversas cadeias linfáticas, que podem ser superficiais ou profundas. As superficiais podem ser palpadas em indivíduos normais ou secundariamente a alguma patologia (1).
Linfonodos normais têm menos de 1cm de diâmetro e consistência elástica; são indolores à palpação e móveis em relação às estruturas adjacentes. Alterações desse padrão podem sugerir causas de linfadenopatia. Assim, calor local, dor, flutuação, mobilidade, eritema da pele adjacente e apresentação aguda e unilateral sugerem etiologia infecciosa, em geral bacteriana; ao passo que aumento agudo e bilateral dos linfonodos cervicais aponta para infecção viral. Linfonodos associados a processos neoplásicos (primários ou metastáticos) tendem a ser endurecidos, indolores e aderidos aos tecidos adjacentes. A ocorrência de linfadenopatia supraclavicular deve alertar para a possibilidade de condições torácicas ou abdominais graves (1,2).
Para abordagem diagnóstica da linfadenopatia, é fundamental classificá-la em localizada – quando restringe-se a uma cadeia ou a cadeias linfáticas contíguas – ou generalizada – caracterizada pelo aumento de duas ou mais cadeias não contíguas de linfonodos. As primeiras decorrem de processos infecciosos ou inflamatórios locais, e as últimas relacionam-se a condições sistêmicas (1,2).
É muito importante considerar a idade do paciente na abordagem das linfadenopatias, uma vez que o tamanho dos linfonodos normais varia conforme a faixa etária. Eles, em geral, não são palpáveis nos recém-nascidos, porém, durante a infância, costumam ser detectáveis no exame físico de crianças hígidas. Na adolescência, eles tendem a ser maiores do que na vida adulta. Além disso, pacientes com idade mais avançada são muito mais propensos a terem neoplasias. Hábitos como tabagismo e etilismo também aumentam muito a probabilidade de causa neoplásica (1).
A biópsia de linfonodo é o método diagnóstico de escolha para linfonodomegalia localizada ou generalizada inexplicadas (2), devendo ser considerada nas situações em que o exame físico, as características do(s) linfonodo(s) e a história clínica do indivíduo sugiram um diagnóstico de neoplasia, ou mesmo em algumas condições de caráter inflamatório ou infeccioso (como, por exemplo, doença da arranhadura do gato, escrófulo, sarcoidose, entre outras), cujo diagnóstico definitivo possa necessitar de análise do linfonodo.
Uma vez que se decida pela biópsia, deve-se encaminhar o paciente para serviço especializado. Deve ser feito contato com o patologista e informada a hipótese diagnóstica, de forma a se obterem todos os dados possíveis da amostra. Como a preservação da arquitetura do linfonodo é fundamental para o diagnóstico etiológico, a biópsia excisional é, em geral, o procedimento de escolha (1,2). De maneira geral, quando se suspeita de processo infeccioso, deve ser feita cultura e pesquisa para bactérias, fungos e micobactérias, além do exame histológico habitual. Já quando a suspeita é de processo neoplásico, deve ser acrescentada à histologia habitual a imuno-histoquímica, para tentar determinar o sítio primário do tumor (2).
Na ausência de fatores que sugiram neoplasia, pessoas com linfadenopatia localizada (exceto a supraclavicular) podem ser observadas por 3 a 4 semanas. Ao final desse período de observação, é muito provável que a linfadenopatia resolva-se de forma espontânea, ou então que sua causa torne-se evidente, sem que se percam, normalmente, oportunidades terapêuticas. Linfadenopatia generalizada, bem como presença de sinais e sintomas sistêmicos, demandam investigação imediata (1).