Crianças diagnosticadas com Gengivo-estomatite Herpética Aguda (GEHA) devem ser afastadas da escola?

| 13 outubro 2015 | ID: sofs-22000
Solicitante:
CIAP2: ,
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

Protocolos internacionais orientam que crianças com primo infecção por Herpes Simples (Gengivo-estomatite Herpética Aguda – GEHA) com quadro sistêmico (febre alta, irritabilidade, dor, apatia e lesões infecciosas orais com intensa salivação) sejam afastadas da escola/creche1,2,3,4.
Na clínica odontopediátrica são comuns os episódios de “primo-infecção herpética”, onde a criança ao primeiro contato com o vírus manifesta lesões extensas por toda a mucosa bucal e do lábio, com quadro sintomatológico típico das demais viroses da infância5. O Herpes é transmitido pelo contato direto através do beijo e do contato com feridas abertas. Menos comumente, pode ser espalhar através de artigos contaminados pelo fluido que sai das bolhas ou saliva2,3.


Na Gengivo-estomatite Herpética Aguda (GEHA), nos 3 primeiros dias do ciclo viral a criança tende a se sentir muito mal, com dificuldade de alimentar-se, o que pode agravar o seu quadro clínico. As razões para este afastamento são o conforto e cuidado da criança e também o cuidado para evitar outras crianças sejam contaminadas. O afastamento temporário da escola, até a remissão das lesões, é indicado em casos de:

No Brasil não estão definidos protocolos que orientem as situações em que as crianças sejam afastadas da escola por motivos de saúde. Entretanto, é importante considerar as questões familiares, sociais e econômicas envolvidas na decisão de afastar ou não uma criança da escola. O destino da criança doente depende muitas vezes de razões que ultrapassam o controle de infecção. O medo da perda do emprego faz com que pais levem seus filhos doentes à creche e muitas vezes ocultem a doença. Os diretores das creches, por sua vez, têm receio de aceitar crianças doentes. Para as autoridades de saúde pública, o afastamento da criança doente é um problema, já que a mesma pode acabar em outra creche com normas menos rigorosas, espalhando ainda mais a doença6.

Desta forma, é importante que o afastamento da escola se dê nos casos estritamente necessários e definidos em protocolo. A família deve ser esclarecida do porquê desta necessidade e dos cuidados que devem ser tomados na atenção à criança doente. É importante que a equipe de saúde bucal identifique se a família tem onde deixar a criança em segurança e com cuidados adequados, caso seja afastada da escola.

Neste sentido, destaca-se a relevância do trabalho articulado entre ESF e escolas para capacitação dos profissionais da educação sobre medidas de prevenção e controle da transmissão de doenças infectocontagiosas comuns no ambiente escolar6. A efetividade do trabalho intersetorial com equipe de saúde como coordenadora do cuidado pode garantir melhores condições de vida e saúde aos escolares.

Bibliografia Selecionada:

  1. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. – Managing Infectious Diseases in Child Care and Schools. 2005. (Resumo disponibilizado pela Coordenação de Saúde Bucal da Prefeitura Municipal de Florianópolis).
  2. AUSTRALIA. National Health and Medical Research Council. Staying Healthy in Child Care Preventing infectious diseases in childcare. 4th edition. 2005. p. 74.
  3. COLORADO. Department of Public Health & Environment. Infectious diseases in childcare and school settings. 2014. p. 47.
  4. PUBLIC HEALTH MEDICINE COMMUNICABLE DISEASE GROUP. Management of infectious disease in schools. 2014. p. 29-30.
  5. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de especialidades em saúde bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Pg. 20.
  6. NESTI MMM; GOULBAUM M. As creches e pré-escolas e as doenças transmissíveis. Jornal de Pediatria. 2007; 83 (4): 299-311.