Protocolos internacionais orientam que crianças com primo infecção por Herpes Simples (Gengivo-estomatite Herpética Aguda – GEHA) com quadro sistêmico (febre alta, irritabilidade, dor, apatia e lesões infecciosas orais com intensa salivação) sejam afastadas da escola/creche1,2,3,4.
Na clínica odontopediátrica são comuns os episódios de “primo-infecção herpética”, onde a criança ao primeiro contato com o vírus manifesta lesões extensas por toda a mucosa bucal e do lábio, com quadro sintomatológico típico das demais viroses da infância5. O Herpes é transmitido pelo contato direto através do beijo e do contato com feridas abertas. Menos comumente, pode ser espalhar através de artigos contaminados pelo fluido que sai das bolhas ou saliva2,3.
Na Gengivo-estomatite Herpética Aguda (GEHA), nos 3 primeiros dias do ciclo viral a criança tende a se sentir muito mal, com dificuldade de alimentar-se, o que pode agravar o seu quadro clínico. As razões para este afastamento são o conforto e cuidado da criança e também o cuidado para evitar outras crianças sejam contaminadas. O afastamento temporário da escola, até a remissão das lesões, é indicado em casos de:
No Brasil não estão definidos protocolos que orientem as situações em que as crianças sejam afastadas da escola por motivos de saúde. Entretanto, é importante considerar as questões familiares, sociais e econômicas envolvidas na decisão de afastar ou não uma criança da escola. O destino da criança doente depende muitas vezes de razões que ultrapassam o controle de infecção. O medo da perda do emprego faz com que pais levem seus filhos doentes à creche e muitas vezes ocultem a doença. Os diretores das creches, por sua vez, têm receio de aceitar crianças doentes. Para as autoridades de saúde pública, o afastamento da criança doente é um problema, já que a mesma pode acabar em outra creche com normas menos rigorosas, espalhando ainda mais a doença6.
Desta forma, é importante que o afastamento da escola se dê nos casos estritamente necessários e definidos em protocolo. A família deve ser esclarecida do porquê desta necessidade e dos cuidados que devem ser tomados na atenção à criança doente. É importante que a equipe de saúde bucal identifique se a família tem onde deixar a criança em segurança e com cuidados adequados, caso seja afastada da escola.
Neste sentido, destaca-se a relevância do trabalho articulado entre ESF e escolas para capacitação dos profissionais da educação sobre medidas de prevenção e controle da transmissão de doenças infectocontagiosas comuns no ambiente escolar6. A efetividade do trabalho intersetorial com equipe de saúde como coordenadora do cuidado pode garantir melhores condições de vida e saúde aos escolares.