Como tratar a gengivoestomatite herpética primária?

| 30 novembro 2021 | ID: sofs-44444
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

O dentista deve proceder orientações quanto à dieta, baseada em alimentos que não exijam mastigação (pastosos), ingestão frequente de bebidas frias e evitar alimentos salgados/condimentados, a fim de aliviar a sintomatologia dolorosa, além da necessidade de repouso e antitérmicos. Soluções a fim de limpar a área afetada, com auxílio de gaze, para remoção do biofilme acumulado, e minimizar a ocorrência de infecções oportunistas (bacterianas e fúngicas), como enxaguatórios à base de digluconato de clorexidina (0,12%) sem álcool, ou ainda, a mistura de água filtrada com bicarbonato de sódio, devem ser recomendadas, em razão da intensa dor ocasionada pelas vesículas, que irão se romper, sendo recobertas por ulcerações também extremamente doloridas. Pode-se ainda prescrever a solução tópica de VASA (violeta de genciana a 2% – 3mL, anestésico lidocaína sem vasoconstritor – 1,5 mL, sacarina – 0,5mL e água destilada- 25mL), preparada em farmácia de manipulação em frascos conta-gotas de 30mL, a qual deve ser aplicada, com auxílio de gaze ou fralda de pano limpa, 3 vezes ao dia, 15 a 30 minutos antes das refeições (1,2).

O uso de antivirais, como o aciclovir comprimido 200mg, pode ser prescrito nas fases iniciais da infecção, onde o dentista irá orientar aos pais de crianças com idade igual ou superior a 2 anos, que macerem um comprimido e o dissolva em líquidos gelados, de 4 em 4 horas, 5 vezes ao dia por 5 dias, omitindo-se a dose noturna, a fim de reduzir a duração das ulcerações orais e a dificuldade de ingestão de alimentos em crianças(3). O laser de baixa potência (terapia de fotobiomodulação e fotodinâmica), se acessível, constitui-se num importante adjunto no tratamento da gengivoestomatite herpética primária pois reduz significativamente a dor na cavidade bucal, devolvendo o bem-estar à criança e ao seu núcleo familiar(4).


A infecção pelo vírus do herpes simples se distingue em infecção primária (primoinfecção) ou infecção secundária (reativação do vírus). O primeiro contato (primoinfecção) com o HSV-1 (vírus do herpes simples tipo 1) se dá normalmente na infância, entre os 6 meses e 4 a 5 anos de vida, por meio de lesões ativas e/ou saliva. A primoinfecção é geralmente assintomática, entretanto, quando sintomática, manifesta-se na criança com sinais inespecíficos como febre alta, mal-estar, irritabilidade e linfadenopatia dolorosa. Intrabucalmente, evolui com um quadro de gengiva eritematosa, dolorosa e sangrante, além de erupções vesiculares que, após o rompimento, formam ulcerações dolorosas recobertas por uma pseudomembrana branco-amarelada com halo eritematoso, compondo o quadro conhecido como gengivoestomatite herpética primária aguda(5).

Bibliografia Selecionada:

1. Scarparo A. Odontopediatria: Bases Teóricas para uma Prática Clínica de Excelência. Barueri: Manole; 2021.

2. Neville BW, Damm DD, Allen C. Patologia oral e maxilofacial. 4.ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan; 2016.

3. Prabhu SR. Medicina oral. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan; 2007.

4. Lago ADN, Furtado GS, Ferreira OC, Diniz RS, Gonçalves LM. Resolution of herpes simplex in the nose wing region using photodynamic therapy and photobiomodulation. Photodiagnosis Photodyn Ther 2018;23:237-39. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29885809/

5. Huang CW, Hsieh CH, Lin MR, Huang YC. Clinical features of gingivostomatitis due to primary infection of herpes simplex virus in children. BMC Infect Dis. 2020 Oct 20;20(1):782. Disponível em: https://bmcinfectdis.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12879-020-05509-2#citeas