Como se dá o diagnóstico de hanseníase?

| 5 março 2013 | ID: sofs-5362
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Recorte Temático:

Um grau razoável de certeza é exigido antes de se fazer o diagnóstico de hanseníase. Um caso suspeito não deverá ser imediatamente notificado como um caso novo, pois o diagnóstico de hanseníase tem consequências sociais adversas.
A hanseníse é diagnosticada quando pelo menos um dos sinais cardinais se manifesta:

  1. Evidente perda de sensibilidade numa lesão cutânea esbranquiçada (hipocrômica) ou avermelhada.
  2. Um nervo periférico espessado, com perda de sensibilidade e/ou fraqueza da musculatura inervada por ele.
  3. Presença de bacilos álcool-ácido-resistentes em um raspado intradérmico.

A perda evidente da sensibilidade numa lesão cutânea poderá ser detectada tocando a pele suavemente (utilizando algo como um chumaço de algodão). Toca-se a pele da pessoa em diferentes locais. Pede-se, então, a ela que indique os pontos que foram tocados. Se a pessoa não conseguir sentir os pontos de contato na lesão cutânea, mas identifica os outros pontos que foram tocados em região de pele normal, o diagnóstico de hanseníase é confirmado.
A avaliação dos nervos é uma parte importante do exame de uma pessoa afetada pela hanseníase. Porém, exige experiência e só deverá ser realizada por profissionais especificamente capacitados para isso. A baciloscopia requer um laboratório devidamente equipado com profissionais capacitados para a realização do exame. Os serviços de baciloscopia podem ser disponibilizados em determinadas unidades selecionadas (tais como as que já realizam a baciloscopia de escarro para diagnóstico da tuberculose). Na maioria dos pacientes, a baciloscopia não é essencial para o diagnóstico da hanseníase, mas, em alguns casos de hanseníase MB, ela pode ser o único sinal conclusivo da doença. A maioria das pessoas com hanseníase apresenta baciloscopia negativa.
Diretrizes para serviços da atenção primária
Examinar a pele em local com iluminação adequada para identificar todas as lesões cutâneas. Em seguida:

Se houver perda evidente de sensibilidade em uma lesão cutânea, fechar o diagnóstico de hanseníase, contar o número de lesões para fazer a classificação, e iniciar a PQT imediatamente. Se não houver perda de sensibilidade, não iniciar tratamento, mas encaminhar a pessoa para uma avaliação mais detalhada.
Da mesma forma, deve ser possível suspeitar de dano neural por meio da investigação de sintomas, como formigamento nos membros, fraqueza nas mãos (incapacidade de segurar um copo ou abotoar uma camisa) ou nos membros inferiores ou olhos (lacrimejamento, incapacidade de fechá-los), e encaminhar a pessoa a um centro de referência para tratamento adequado (determinadas unidades de saúde ou hospitais regionais).


Bibliografia Selecionada:

  1. Organização Mundial da Saúde. Estratégia global aprimorada para redução adicional da carga da hanseníase: 2011-2015: diretrizes operacionais (atualizadas). Brasília : Organização Mundial da Saúde, 2010. Disponível em: http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=1044&Itemid=801 Acesso em: 11 mar 2013.