Como se dá a transmissão e quais são as manifestações clínicas da doença pelo vírus Ebola?

| 5 outubro 2015 | ID: sofs-21977
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A doença pelo vírus Ebola, anteriormente chamada de febre hemorrágica do Ebola, é causada por vírus de mesmo nome. A mudança de nome foi feita para contemplar os casos que nào apresentam manifestações hemorrágicas. Foi isolado pela primeira vez em 1976, em surtos simultâneos no Sudão e na República Democrática do Congo, antigo Zaire, próximo ao Rio Ebola, que deu origem a seu nome.

Trata-se de vírus RNA, pertencente à família Filoviridae, sendo considerado um dos vírus mais letais do mundo. É responsável por desencadear doença de evolução grave, com altas taxas de letalidade, variando de 25 a 90% em surtos passados.

Há cinco espécies do vírus Ebola, que diferem em sua virulência, denominadas Bundibugyo, Tai Forest (anteriormente denominado Costa do Marfim), Sudão, Zaire e Reston, nomes dados a partir de seus locais de origem. Apenas o vírus Ebola Reston não está relacionado à doença em humanos, embora haja evidência de infecção assintomática, estando associado à doença em primatas não humanos.


A doença pelo vírus Ebola é classificada como uma zoonose e de acordo com as evidências científicas disponíveis, os morcegos frugívoros são considerados os prováveis reservatórios naturais do vírus Ebola. A infecção acomete gorilas, chimpanzés, antílopes, porcos, roedores, outros mamíferos e os seres humanos.

TRANSMISSÃO – O vírus Ebola é transmitido para os seres humanos através de animais silvestres e se dissemina na população humana através da transmissão pessoa a pessoa. O período de incubação pode variar de 2 a 21 dias após a exposição.

Não há transmissão durante o período de incubação, que só ocorre após o aparecimento dos sintomas e se dá por meio do contato direto da pele não integra ou membranas mucosas com sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos infectados (incluindo cadáveres) ou animais silvestres infectados (sangue, secreções, tecidos ou carcaças). A transmissão ocorre também através do contato com superfícies e materiais contaminados com esses fluidos (agulhas, peças de vestiário, lençóis). Durante surtos as pessoas com maior risco de infecção são os familiares, profissionais de saúde e aqueles em contato próximo com pessoas doentes ou falecidas, incluindo os profissionais envolvidos nos enterros. Não há evidência de transmissão aérea, a não ser durante procedimentos que gerem aerossol.

As pessoas permanecem transmitindo o vírus enquanto o mesmo estiver presente no sangue ou fluidos corpóreos. Há relato de transmissão através de sêmen em até 7 semanas após recuperação da doença.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – O quadro clínico consiste em febre, fraqueza, mialgias, cefaleia, dor de garganta, vômitos, diarreia. Frequentemente evolui com erupção cutânea, disfunções hepática e renal, e hemorragias em vários sítios. No Brasil e nos países onde não ocorre a doença, a história de viagem a países onde ocorre a transmissão é de fundamental importância.

O diagnóstico deve ser feito a partir do isolamento viral em soro ou vísceras, através de detecção de antígenos, PCR e anticorpos, em laboratório de referência (Instituto Evandro Chagas de Belém, Pará). Não há vacina disponível, nem tratamento específico com eficácia comprovada por estudos clínicos.

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Bibliografia Selecionada:

  1. World health Organization. Ebola virus disease outbreak. Disponível em: http://www.who.int/csr/disease/ebola/en/
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
    Transmissíveis. Plano de Contingência para Emergência em Saúde Pública – Doença pelo Vírus Ebola/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2014
  3. Centers for Disease Control and Prevention. Ebola (Ebola Virus Disease). Disponível em: http://www.cdc.gov/vhf/ebola/