Como realizar anticoncepção de emergência?

| 12 maio 2022 | ID: sofs-45013
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

Atualmente, existem cinco tipos de produtos que atuam como AE, dos quais dois são aprovados pelo Ministério da Saúde para uso no Brasil:

– Método Yuzpe – compreende uma dose de 0.50 mg de levonorgestrel + 100 μg de Etinilestradiol em duas tomadas com intervalo de 12 horas e deve ser usado até 72 horas após a relação sexual desprotegida.

– Levonorgestrel – um comprimido de 1,5 mg ou dois comprimidos de 0,75 mg em uma única dose ou 1 comprimido a cada 12 horas. O seu uso deve ser feito até 5 dias após a relação sexual desprotegida, mas a eficácia é maior quanto antes for utilizado(1-3). Esta opção está disponível no SUS.

Outros tipos de AE não disponíveis no Brasil:

– Pílula de Acetato de Ulipristal 30 mg – é um modulador do receptor de estrogênio,  indicado em uma única dose até 120 horas (5 dias) da relação sexual desprotegida(1,2,4).

– Pílula de Mifepristona – um modulador do receptor de progesterona, em baixa dose (10-25 mg) e administrado em uma única dose(4).

– Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre – o DIU de cobre pode ser usado como AE e deve ser inserido em até 5 dias após a relação desprotegida ou ovulação, fornecendo proteção por até 10 anos da sua inserção(1,2,4).


No Brasil, anticoncepcionais de emergência (AE) é uma medicação aprovada pelos órgãos de vigilância sanitária e disponível sem a necessidade de receita médica(1-3). Os anticoncepcionais de emergência atuam evitando ou atrasando a ovulação, impedindo a fecundação. Como a geração de um embrião só ocorre aproximadamente 120 horas depois da relação sexual, os AE são efetivos somente quando ingeridos até 72 a 120 horas pós-coito, com maior efetividade nas primeiras 12 horas.

Complementação: os AE orais (Yuspe, Levonorgestrel e Ulipristal) podem ser usados com segurança em qualquer condição médica, inclusive em adolescente.  São contraindicados durante a lactação mas, como medida de precaução, não amamentar por uma semana e extrair o leito materno e descartá-lo. Efeitos colaterais: Ainda que a possibilidade de vômito seja pequena, se ocorrer dentro de 2 horas após a administração de uma dose dos anticoncepcionais de emergência, a dose deve ser repetida(1,4). Contraindicação: a única contraindicação absoluta para o AE é a gravidez confirmada. Excetuando-se esta condição, todas as mulheres podem usar o método com segurança, mesmo aquelas que, habitualmente, tenham contraindicações ao uso de anticoncepcionais hormonais combinados. Para mulheres com antecedentes de acidente vascular cerebral, tromboembolismo, enxaqueca severa ou diabetes com complicações vasculares, recomenda-se precauções: substituir o método de Yuzpe pelo Levonorgestrel(1,2,4). Após o uso do anticoncepcional de emergência, pode-se retomar ou iniciar um método anticoncepcional regular; no caso do uso do DIU de cobre, nenhuma proteção anticoncepcional adicional será necessária(1).

Conforme regulação do Ministério da Saúde em 2021, o DIU de cobre só pode ser inserido pelo médico(5). Os critérios de elegibilidade para o uso geral de um DIU de cobre também se aplicam ao seu uso para fins de emergência. Mulheres com uma condição médica de categoria 3 ou 4 (por exemplo, com sepse puerperal, sangramento vaginal inexplicável, câncer cervical ou trombocitopenia grave) não devem usar o DIU de cobre para fins de emergência. Além disso, o DIU com cobre não deve ser inserido para contracepção de emergência após agressão sexual, pois a mulher pode correr alto risco de uma infecção sexualmente transmissível, como clamídia e gonorreia. Também não deve ser usado na presença de gravidez(1).

Atributos das APS: a atenção em anticoncepção pressupõe a oferta de informações, de aconselhamento, de acompanhamento clínico e de um leque de métodos e técnicas anticoncepcionais, cientificamente aceitos, que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, num contexto de escolha livre e informada. Abordar a saúde reprodutiva é uma ação básica de saúde. No contexto da APS, é importante permitir o livre acesso, encorajando a mulher, o homem ou o casal para que se sintam à vontade em retornar à Unidade de Saúde quando quiserem – por exemplo, caso tenham problemas, dúvidas ou queiram trocar o método contraceptivo; caso tenham alguma alteração na saúde; ou se a mulher achar que pode estar grávida(1).

Bibliografia Selecionada:

1. World Health Organization (WHO). Emergency Contraception [internet]. [acesso em 05 jan 2022]. 9 nov 2021. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/emergency-contraception

2. Silva GA, Pillati GRC, dal Piva R.  Contraceptivos de emergência: uma revisão teórica do tipo narrativa para identificar evidências da farmacodinâmica e do uso desses medicamentos. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação 2021;7(10):1276-1287. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/2661/1051

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde [internet]. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Anticoncepção de emergência: perguntas e respostas para profissionais de saúde. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) – (Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – caderno ; 3). 2. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. [acesso em 05 jan 2022]. 2011:44p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anticoncepcao_emergencia_perguntas_respostas_2ed.pdf

4. International Consortium for Emergency Contraception. International Federation of Gynecology and Obstetrics – the Global Voice for women’s health. Emergency Contraceptive Pills: Medical and Service Delivery Guidance. [acesso em 05 jan 2022]. Fourth Edition [internet]. 2018:24p. Disponível em: https://www.cecinfo.org/wp-content/uploads/2018/12/ICEC-guides_FINAL.pdf

5. Brasil. Ministério da Saúde [internet]. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Nota Técnica Nº 21/2021-DAPES/SAPS/MS. [acesso em 05 jan 2022]. Disponível em: https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20211029_N_NTDIUenfermagem_5214792097250368643.pdf