O sangramento por doença diverticular é uma causa comum de hemorragia digestiva baixa e geralmente apresenta hemorragia maciça e indolor, devendo ser encaminhado para o serviço de emergência. Se o sangramento apresentar repercussão hemodinâmica medidas como manutenção das vias aéreas, ressuscitação volêmica, seguidas da medição dos níveis de hemoglobina, hematócrito e tipagem sanguínea com reações cruzadas devem ser instituídas de imediato, porém quadros graves são mais raros, já que a maioria se resolve espontaneamente em cerca de 80% das vezes. O exame diagnóstico inicial recomendado é a colonoscopia, realizada idealmente dentro de 12 a 48 horas do início do quadro e após um rápido preparo colônico. Se a fonte do sangramento for identificada, manobras terapêuticas endoscópicas poderão ser executadas.
A hemorragia digestiva baixa (HDB) é definida como sangramento de uma fonte distal ao ligamento de Treitz. Pode se originar no intestino delgado, cólon ou reto. Sua etiologia compreende causas vasculares, inflamatórias, neoplásicas, traumáticas e iatrogênicas, sendo as mais comuns a doença diverticular, angiodisplasia, câncer colorretal, colite, além de lesões anorretais benignas como hemorroidas, fissuras anais e úlceras retais.
A doença diverticular permanece a causa mais comum de sangramento gastrintestinal baixo maciço, responsável por 30 a 50% dos casos. Estima-se que 15% de todos os pacientes com diverticulose apresentarão sangramento em algum momento de suas vidas. O sangramento para espontaneamente em 70 a 80% dos casos.
Métodos para localizar o foco do sangramento incluem angiografia seletiva, cintilografia e colonoscopia. A colonoscopia está mais indicada para sangramentos autolimitados. Em pacientes com sangramento moderado que cessou, o exame endoscópico pode ser realizado com segurança em 12 a 24 horas.
A cirurgia para prevenção de sangramento gastrointestinal inferior recorrente deve ser individualizada e a fonte do sangramento deve ser cuidadosamente localizada antes da ressecção
A diverticulose e a doença diverticular são geralmente tratadas com controle da dieta e ocasionalmente com medicações para ajudar a controlar dor, cólicas e alterações no hábito intestinal. O aumento na ingesta de alimentos ricos em fibras (grãos, legumes, vegetais, frutas, etc) reduzem a pressão dentro do cólon e, então, as complicações serão mais difíceis de ocorrer.
Demonstrou-se que o uso de antiinflamatórios não esteroidais aumenta o risco de sangramento por doença diverticular, sendo que mais de 50% dos pacientes que se apresentam com divertículo sangrante estão fazendo uso de AINEs.
A identificação precoce da hemorragia diverticular por colonoscopia é associada com menor tempo de permanência hospitalar, diminuição de transfusões sanguíneas e, em geral menor custo hospitalar.
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