Como fazer o tratamento da labirintite na APS?

| 6 janeiro 2016 | ID: sofs-21895
Solicitante:
CIAP2: , ,
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

O tratamento da labirintite depende da etiologia. Assim, para ter êxito no tratamento, é fundamental o diagnóstico correto da vertigem e, em particular, do reconhecimento da causa subjacente. A terapêutica está embasada no tratamento da causa, no uso de sintomáticos e na reabilitação vestibular.

Em pacientes com quadros agudos, pode-se orientar repouso, especialmente nos idosos, a fim de evitar quedas. Nos quadros acompanhados de vômitos, pode-se orientar uma alimentação leve, conforme a tolerância do paciente.¹

A reabilitação vestibular tem mostrado benefícios significativos em pacientes com vertigem ou tonturas (A)². São exercícios com a cabeça, olhos e corpo, com o objetivo de promover a compensação vestibular e melhorar a habilidade e confiança no equilíbrio.


A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) pode ser tratada no consultório através da manobra de Epley, cujo objetivo é reposicionar os otólitos que se encontram no canal semicircular posterior novamente no utrículo(A)²,3. Executa-se a manobra com o paciente, inicialmente, sentado, com a cabeça voltada para a direita em um ângulo de 45°. Em seguida, deve-se fazê-lo adotar a posição de decúbito ventral, ainda com a cabeça voltada para a direita em 45°, depois com a cabeça para a esquerda com o mesmo ângulo de inclinação. A seguir, adota-se o decúbito lateral esquerdo, com a cabeça ainda voltada 45° para a esquerda e, a seguir, o paciente é colocado sentado¹. Cada uma destas posições deve ser mantida por 30 segundos. Há vários estudos que demonstram sua eficácia e segurança e é executada apenas uma vez no consultório, com taxas de cura descritas de 87% a 100%¹.

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Tratamento farmacológico:

O tratamento farmacológico é desnecessário na VPPB devido ao curto tempo que duram as crises¹.

O tratamento farmacológico deve ser usado com parcimônia e por um breve período de tempo devido à sua interferência com a compensação que ocorre naturalmente por parte do SNC, especialmente em quadros vertiginosos durando mais do que alguns dias, e deve ser retirado gradualmente dentro de poucos dias¹. Quadros vertiginosos que duram mais do que alguns dias são sugestivos de dano vestibular permanente, sendo necessário interromper as medicações a fim de favorecer a compensação por parte do SNC.

– Uma dieta pobre em sal e associada a diuréticos é pode ser recomendada para pacientes com doença de Ménière (B)³.

– No caso de enxaqueca vertiginosa o tratamento consiste em profilaxia da enxaqueca (por exemplo, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores beta, bloqueadores dos canais de cálcio), medicamentos abortivos da enxaqueca (por exemplo, sumatriptan), e exercícios de reabilitação vestibular (B)³.

– Bloqueadores de canal de cálcio: pode-se utilizar a flunarizina ou a cinarizina. O uso dos bloqueadores de canal de cálcio na doença de Ménière e algumas vestibulopatias periféricas é mais eficaz do que o não uso da medicação. Ainda assim, é recomendado evitar o uso indiscriminado e, quando indicado, usá-lo pelo menor período possível, especialmente em pacientes idosos, pelo risco de indução de sintomas extrapiramidais. Nestes casos, prefere-se o dimenidrato ¹.

– Benzodiazepínicos como o alprazolam, o clonazepam, e o diazepam podem ser empregados, no entanto, seu uso deve ser cauteloso, evitado nos idosos pelo maior risco de depressão do SNC, e por curtos períodos, pois podem alterar o processo de compensação central do quadro vertiginoso de forma mais acentuada, além da conhecida dependência farmacológica.¹

– Betaistina: é uma droga vasoativa que também pode melhorar o quadro clínico.¹

– Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina podem aliviar a vertigem em pacientes com transtornos de ansiedade (B)³.

Se não houver controle dos sintomas, devem-se associar medicações de classes diferentes, jamais da mesma classe, evitando-se a polifarmácia. É importante lembrar que o uso abusivo de antivertiginosos pode, por si só, levar ao agravamento do sintoma.¹

Para o controle de náuseas e vômitos, existem, como opções, a domperidona, o difenidol, a ondansetrona e o dimenidrato (A)².

Na cinetose, é recomendado o uso de 50 mg de dimenidrato, 30 minutos antes da viagem¹ (B)².

Grau de Recomendação: D

A reabiliatação vestibular tem mostrado benefícios significativos em pacientes com vertigem ou tonturas (A)².

A VPPB pode ser tratada no consultório através da manobra de Epley, cujo objetivo é reposicionar os otólitos que se encontram no canal semicircular posterior novamente no utrículo(A)².

Para o controle de náuseas e vômitos, existem, como opções, a domperidona, o difenidol, a ondansetrona e o dimenidrato (A)².

Na cinetose, é recomendado o uso de 50 mg de dimenidrato, 30 minutos antes da viagem¹ (B)².

Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina podem aliviar a vertigem em pacientes com transtornos de ansiedade (B)³.

Uma dieta pobre em sal e associada a diuréticos é pode ser recomendada para pacientes com doença de Ménière (B)³.

No caso de enxaqueca vertiginosa o tratamento consiste em profilaxia da enxaqueca (por exemplo, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores beta, bloqueadores dos canais de cálcio), medicamentos abortivos da enxaqueca (por exemplo, sumatriptan), e exercícios de reabilitação vestibular (B)³.

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Bibliografia Selecionada:

  1. Bertol E, Rodríguez CA. Da tontura à vertigem: uma proposta para o manejo do paciente vertiginoso na atenção primária. Rev. APS. 2008; 11 (1):62-73.
  2. Fernandes JG, Paglioli P. Vertigens e Tonturas. In: Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ARJ, organizadores. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3ed. Porto Alegre: Artmed. 2004. pp 1174-80.
  3. Randy S, Paxton L. Treatment of Vertigo. Am Fam Physician. 2005 Mar 15;71(6):1115-1122.