Como fazer o manejo clínico da tosse crônica?

| 21 julho 2023 | ID: sofs-45401
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:

A investigação inicial é fundamental para o manejo de pacientes que apresentam tosse há mais de 8 semanas, pois deve ser voltada para a principal suspeita clínica obtida a partir da anamnese e exame físico do paciente.  Tosse crônica é um diagnóstico de exclusão. As causas comuns de tosse crônica são: Síndrome da Tosse das Vias Aéreas Superiores – STVAS, Asma, Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGE, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC, tabagismo ativo, uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA).  Outras causas a serem consideradas na tosse crônica: tuberculose, neoplasia pulmonar ou laringe, inalação de corpo estranho, bronquite eosinofílica, bronquiectasias, doenças intersticiais e tosse psicogênica. Os pacientes devem ser acompanhados dentro de 4-6 semanas após a avaliação inicial. Se a tosse persistir, uma consulta de acompanhamento deve ser marcada. O quadro 1 apresenta os pontos de atenção para buscar na anamnese sintomas de doenças potencialmente fatais.

A figura 1 apresenta o fluxograma de tosse crônica para o manejo dos pacientes maiores de 15 anos de idade, tosse duração mais de 8 semanas.

 

A tosse crônica é uma condição de ocorrência comum, com prevalência estimada de10 a 15 por cento, com pico na quinta e sexta década de vida. Afeta mulheres de forma desproporcional, sendo que 67 por cento dos pacientes com tosse crônica idiopática ocorre neste grupo.

Os casos de tosse crônica devem ser avaliados e tratados prioritariamente no nível da APS. Quando na ausência de resposta ao tratamento empírico para as causas mais comuns, após investigação inconclusiva e, quando indicado uso de inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), Síndrome da Tosse de Vias Aéreas Superiores, asma, Doença do Refluxo Gastroesofágico, DPOC, tuberculose considerar encaminhar ao pneumologista.

Considerar o encaminhamento para o serviço de Medicina do Trabalho, nos casos da asma ocupacional que é exacerbada ou induzida por inalação de substâncias no local de trabalho e, o encaminhamento para o serviço de Oncologia Torácica ou Cirurgia Torácica pacientes com imagens radiológicas ou suspeita clínica de malignidade.
As principais causas de tosse crônica podem guardar entre si a característica comum de haver envolvimento inflamatório incidindo nas vias aéreas. As vias aéreas são frequentemente colocadas em contato com elementos estranhos ao seu meio. Por isso, o papel da resposta inflamatória brônquica é identificável e preponderante para o entendimento desse importante sintoma que, possivelmente, se correlaciona à lesão epitelial com consequente exacerbação da sensibilidade das terminações nervosas aos estímulos. Em alguns casos, os indivíduos apresentam tosse persistente refratária, apesar do tratamento efetuado.

Sof Relacionada: Como estabelecer o diagnóstico clínico em pacientes com tosse?

Bibliografia Selecionada:

1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS (TelessaúdeRS-UFRGS);Regula SUS. Protocolos de Regulação Ambulatorial. Pneumologia Adulto. 2023:24p. Disponível  em:  https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/protocolos_resumos/pneumologia.pdf [Acesso em: 12/06/2023]

2. Irwin RS, French CL, Chang AB, Altman KW; CHEST Expert Cough Panel*. Classification of Cough as a Symptom in Adults and Management Algorithms: CHEST Guideline and Expert Panel Report. Chest. 2018 Jan;153(1):196-209.  Disponível em: https://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(17)32918-5/fulltext [Acesso em: 12/06/2023]

3. II Diretrizes brasileiras no manejo da tosse crônica. J.bras.pneumol. 2006 Nov;32(suppl 6):s403-46. Disponível em:  https://doi.org/10.1590/S1806-37132006001000002 [Acesso em: 12/06/2023]