Como é feito o acompanhamento de pacientes com doenças graves que fazem uso de antitireoidianos?

| 27 janeiro 2010 | ID: sofs-3627
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência: ,

Há duas escolhas mais utilizadas no tratamento com drogas antitireoidianas (DAT) na Doença de Graves: o esquema com doses ajustáveis e o regime de bloqueio tireóideo e reposição de tiroxina.
O esquema com doses ajustáveis consiste na administração isolada de DAT e envolve exames de sangue e consultas mais freqüentes, sendo a conduta mais largamente utilizada. A dose inicial, de 20-40 mg/dia de metimazol ou 200-400 mg/dia de propiltiouracil, é reduzida quando os níveis de T3 e T4 se normalizam. Após o início do tratamento, os pacientes devem ser avaliados a cada quatro a seis semanas.
Com frequência, os níveis de TSH permanecem suprimidos por vários meses, não sendo um índice sensível da resposta ao tratamento; portanto, a dose deve ser ajustada com base nos níveis de T4 livre. A dose de manutenção geralmente é de 5-15 mg/dia de metimazol ou de 50-200 mg/dia de propiltiouracil.
O regime de bloqueio tiroideo e reposição de tiroxina envolve o uso contínuo de altas doses de drogas antitireoidianas (40-60mg/dia de metimazol), com adição da reposição de levotiroxina (100 mcg/dia, ajustados quando necessário) quando os níveis de T4 livre caírem abaixo dos valores de referência. Essa terapia pode ser mantida com monitorização mínima por um período que pode chegar a 6-24 meses.
As maiores desvantagens desse regime são seu maior custo e maior risco para efeitos colaterais, sem implicar em eficácia superior.
A duração ideal da terapia ainda é motivo de controvérsia. Nos EUA e na Europa, 80 a 90% dos endocrinologistas mantêm as tionamidas por 12 a 24 meses. Em uma revisão, o percentual de remissão definitiva foi de cerca de 50% com dois anos de tratamento, 33% quando inferior a um ano, 40% quando de um ano, e 46% de um a dois anos. A duração ideal do tratamento parece ser de 12 a 18 meses.
Em caso de recidiva, pode-se tentar um segundo curso de tratamento com as DAT, mas habitualmente se opta por uma outra forma de terapia. Alguns pacientes preferem não realizar tratamento definitivo com cirurgia ou radioiodo.
Nesses casos, é razoável considerar duas possibilidades: manutenção de terapia de doses baixas com DAT (5 mg de metimazol ou 50 mg de propiltiouracil diariamente ou em dias alternados) ou cursos intermitentes de DAT sempre que a condição ressurgir. Não existem evidências de que a incidência de efeitos colaterais seja afetada por essas estratégias.


Bibliografia Selecionada:

  1. Jameson JL., Weetman AP. Doenças da glândula tireoide. In: Kasper DL, et al. Harrison medicina interna. 16a ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil; 2006. p. 2208-33.
  2. Jeffcoate W, Rea R, Vila, L. Diagnóstico e tratamento da doença de graves. In:Vilar L. Endocrinologia clínica. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 273-91.