O diagnóstico do bruxismo do sono, em crianças, depende inicialmente do relato dos responsáveis, durante a anamnese odontológica, de sons produzidos como resultado do aperto durante a noite, bem como de sensibilidade dos dentes aos alimentos quentes ou frios, dor facial, dor de cabeça ou desconforto matinal queixados pelo paciente infantil. Ao exame clínico intra e extraoral, a presença de sinais, como possível desgaste ou fratura de estruturas dentárias, mobilidade dentária e a observação de outras evidências clínicas, tais como hipertrofia dos músculos mastigatórios, dor na articulação temporomandibular ou fadiga nos músculos mastigatórios, pode auxiliar o dentista no diagnóstico desta condição(1).
O relato dos pais/responsáveis acerca da história médica da criança, ou ainda, a investigação de características comportamentais da criança, como o traço de personalidade ansiosa, a qualidade do sono, possíveis hábitos associados, como roer unhas e mordiscar objetos, além do uso frequente de dispositivos eletrônicos à noite fornecerá pistas ao dentista, auxiliando-o no diagnóstico. Um diário que fique em local próximo à cama da criança para ser preenchido pelos pais, logo ao despertar acerca do sono de seus filhos constitui-se numa ferramenta importante para um diagnóstico adequado.
Para a averiguação de sinais e sintomas do bruxismo, a aplicação de questionários para os pais e cuidadores tem sido utilizada, mas têm a desvantagem de a informação obtida ser de natureza subjetiva, pois, muitas vezes, os responsáveis dormem em ambientes afastados das crianças e não percebem adequadamente os ruídos, porém, os dados obtidos através destes são de suma importância para o diagnóstico do bruxismo infantil, visto que os sons são indícios da presença deste distúrbio(2).
Métodos complementares como a polissonografia e a avaliação eletromiográfica também podem ser utilizados no diagnóstico do bruxismo do sono. A polissonografia é considerada o método padrão-ouro, monitora todos os eventos que ocorrem durante o sono, como a atividade muscular, por meio de eletromiografia (EMG) dos músculos mastigatórios temporal e masseter, incluindo eletroencefalograma, eletrocardiograma, um registro da sensibilidade térmica (monitorização do fluxo de ar) e simultaneamente uma gravação audiovisual, mas possui custo elevado e, por se tratar de crianças, difícil manejo(3,4).
A associação do relato dos pais/questionário com o exame clínico é o método de diagnóstico para o bruxismo infantil mais utilizado e relatado na literatura científica(3).
Conhecer o método de diagnóstico mais usado e mais eficiente para detectar o bruxismo em crianças, auxiliará o dentista na determinação do tratamento(4).
1. Guo H, Wang T, Niu X, Wang H, Yang W, Qiu J, Yang L. The risk factors related to bruxism in children: A systematic review and meta-analysis. Arch Oral Biol 2018; 86:18-34. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0003996917303576
2. Ierardo G, Mazur M, Luzzi V, Calcagnile F, Ottolenghi L, Polimeni A. Treatments of sleep bruxism in children: A systematic review and meta-analysis. Cranio. 2021; 39(1):58-64. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30806589/
3. Bortoletto CC, Silva FC, Salgueiro MCC, Motta LJ, Curiki LM, Ferarri RAM, Fernandes KPS, Bussadori SK. Evaluation of electromyographic signals in children with bruxism before and after therapy with Melissa Officinalis L- a randomized controlled clinical trial. J Phys Ther Sci 2016; 28(3):738-42. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4842431/
4. Siqueira LS, Machado CB, Ripplinger T, Costa CT. Diagnóstico do bruxismo infantil: uma revisão da literatura para auxiliar o cirurgião-dentista. RFO UPF 2020; 25(2):311-18. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rfo/article/view/11410/114115960