Como deve ser o rastreamento para câncer de mama em mulheres com silicone? Há diferença na orientação sobre o autoexame das mamas?

| 5 março 2013 | ID: sofs-5365
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , ,
Recorte Temático:

Não há diferenças para o rastreamento de câncer de mama em mulheres com silicone, ou seja: elas devem fazer “a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM), que são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher no Brasil ” (2). Se necessário, complementar, a CRITÉRIO MÉDICO, com a ecografia mamária. No entanto, ao realizar a mamografia nas mulheres portadoras de prótese de silicone, a orientação é ” fazer incidências básicas usando a Técnica de Eklund, se for possível. A técnica permite melhor visibilização do parênquima mamário, de mais fácil execução na localização retropeitoral e não deve ser usada quando há contratura capsular (o implante está fixo  e endurecido pela cápsula fibrosa). Consiste em “empurrar” o implante de encontro ao tórax e “puxar” a mama. A placa compressora comprime a mama livre de quase todo (em alguns casos de todo) o implante.”(1) Não há diferença na orientação sobre o autoexame das mamas: o INCA não estimula o autoexame das mamas como método isolado de detecção precoce do câncer de mama. A recomendação é que o exame das mamas pela própria mulher faça parte das ações de educação para a saúde que contemplem o conhecimento do próprio corpo. Evidências científicas sugerem que o autoexame das mamas não é eficiente para a detecção precoce e não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. Além disso, traz consequências negativas, como aumento do número de biópsias de lesões benignas, falsa sensação de segurança nos exames falsamente negativos e impacto psicológico negativo nos exames falsamente positivos. Portanto, o exame das mamas feito pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado  para essa atividade. (2)


Ruptura de implantes mamários
Em relação à ruptura de próteses mamárias, estão disponíveis as  “Diretrizes do Ministério da Saúde para acompanhamento e tratamento de pacientes portadores de implantes mamários da marca PIP (Poly Implants Prothèse) e Rofil”. A Sociedade Brasileira de Mastologia  recomenda “que todas as pacientes portadoras de próteses de silicone da marca PIP de caráter reparador ou estético sejam convocadas para uma avaliação médica pelo cirurgião responsável e que sejam submetidas a uma ressonância magnética das mamas para avaliar a integridade das próteses e, dentro de critérios clínicos adequados e individualizados, as pacientes possam trocar estas próteses em caráter eletivo.”

Rastreamento
No Brasil, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher. A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização da mamografia a cada dois anos e do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária e a periodicidade bienal é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo. Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia diagnóstica em caso de resultado alterado do ECM. Segundo a OMS, a inclusão desse grupo no rastreamento mamográfico tem hoje limitada evidência de redução da mortalidade . Uma das razões é a menor sensibilidade da mamografia em mulheres na pré-menopausa devido à maior densidade mamária. Além desses grupos, há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado de câncer de mama, cuja rotina deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais . Segundo o Consenso de Mama, risco elevado de câncer de mama inclui: história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos ou de câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade; história familiar de câncer de mama masculino; e diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ [9]. A definição sobre a forma de rastreamento da mulher de alto risco não tem ainda suporte nas evidências científicas atuais e é variada a abordagem deste grupo nos programas nacionais de rastreamento.
Recomenda-se que as mulheres com risco elevado de câncer de mama tenham acompanhamento clínico individualizado.

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Mamografia: da prática ao controle. Rio de Janeiro: INCA, 2007. 109p. : il. tab.; 18,0 X 25,0cm. – (Recomendações para profissionais de saúde) Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0250.pdf Acesso em: 11 mar 2013.
  2. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Mama. Prevenção. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama/prevencao Acesso em: 11 mar 2013.
  3. Instituto Nacional de Câncer . Ações e Programas. Programa Nacional de Controle do Câncer de Mama disponível em http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_controle_cancer_mama/Acesso em: 11 mar 2013.  Acesso em: 11 mar 2013.
  4. Sociedade Brasileira de Mastologia disponível em http://www.sbmastologia.com.br/ Acesso em: 11 mar 2013.
  5. Gorczyca DP; Gorczyca SM; Gorczyca KL. The diagnosis of silicone breast implant rupture. Fonte: Plast Reconstr Surg; 120(7 Suppl 1): 49S-61S, 2007 Dec. Disponível em: http://journals.lww.com/plasreconsurg/toc/2007/12001 Acesso em: 11 mar 2013.
  6. Lee C.H., Dershaw D.D., Kopans D., Evans P., Monsees B., Monticciolo D., Brenner R.J., (…), Burhenne L.W. Breast Cancer Screening With Imaging: Recommendations From the Society of Breast Imaging and the ACR on the Use of Mammography, Breast MRI, Breast Ultrasound, and Other Technologies for the Detection of Clinically Occult Breast Cancer (2010) JACR Journal of the American College of Radiology, 7 (1), pp. 18-27.
  7. Guidelines for using breast magnetic resonance imaging to evaluate implant integrity. Autor(es): Kreymerman P; Patrick RJ; Rim A; Djohan R; Crowe JP. Ann Plast Surg; 62(4): 355-7, 2009 Apr.
  8. The effect of study design biases on the diagnostic accuracy of magnetic resonance imaging for detecting silicone breast implant ruptures: a meta-analysis. Autor(es): Song JW; Kim HM; Bellfi LT; Chung KC. Fonte: Plast Reconstr Surg; 127(3): 1029-44, 2011 Mar.