Como deve ser feito o acompanhamento de um paciente com hipertireoidismo em uso de metimazol ou propiltiouracil?

| 10 dezembro 2014 | ID: sofs-15553
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

O monitoramento da função tireoidiana de um paciente com hipertireoidismo em uso de metimazol ou propiltiouracil deve ser feito com medida de T4 livre e T3 total após quatro a a seis semanas do início do tratamento e depois espaçado em intervalos de 1 a 2 meses até o alcance do eutireoidismo com a menor dose possível.
A partir de então, o controle pode ser feito a cada 2 a 3 meses. Lembrando que o TSH pode permanecer suprimido por meses após início do tratamento, não devendo ser utilizado para monitoramento nessas fases iniciais (Nível B)¹.
Após 1 a 2 anos, o tratamento com as drogas antitireoidianas deve ser suspenso. Taxa de remissão da doença varia de 30 a 50% (Nível A). Como as recidivas ocorrem usualmente nos primeiros meses de suspensão medicamentosa, é recomendado o monitoramento laboratorial mensal nos primeiros seis meses, depois a cada trimestre e, após 1 ano de remissão, acompanhamento anual por tempo indefinido (Nível B)³.
Efeitos adversos, de graus variáveis, são descritos nos pacientes em uso de drogas antitireoidianas (tionamidas). Os leves ocorrem em 1 a 5% dos pacientes e incluem, rash cutâneo, prurido, urticária ou artralgia. Anti-histamínicos podem ser úteis no controle das reações cutâneas. Se não houver remissão sintomática espontânea, pode-se substituir uma tionamida por outra, embora haja reação cruzada em 50% dos casos (Nível D)².
Efeitos colaterais graves ocorrem em 1% dos pacientes e incluem poliartrite grave, agranulocitose e hepatite tóxica. A agranulocitose ocorre em 0,5% dos pacientes, devendo os mesmos estarem orientados se apresentarem febre, odinofagia ou lesões na mucosa oral. Ocorrência de uma reação grave é indicação de suspensão imediata e contraindica a reintrodução das tionamidas (Nível D)3.
Hemograma e provas de função hepática basais devem ser solicitados antes da introdução do medicamento para estabelecimento de valores pré-tratamento. Devem ser repetidos somente na vigência de sinais ou sintomas sugestivos de seus efeitos colaterais graves (agranulocitose ou hepatite medicamentosa) (Nível D).

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Bibliografia Selecionada:

  1. Vitti P, et al. Clinical features of patientes with Graves’ disease undergoing remission after antithyroid drug treatment. Thyroid. 1997; 7(3): 369-75.
  2. Cooper DS. Antithyroid drugs. N Engl J Med. 2005; 352 (9): 905-17. Disponível em: http://www.researchgate.net/profile/David_Cooper15/publication/7988094_Antithyroid_drugs/links/0fcfd50bd04a383854000000.pdf. Acesso em: 10 dez 2014.
  3. Maia, AL, et al. Hipertireoidismo: diagnóstico e tratamento. Arq Bras Endocrinol Metab. 2013;57(3): 205-32.