A abordagem ao paciente em risco de suicídio pode ser resumida em 05 passos iniciais. O primeiro é saber ouvir o paciente e entender suas motivações subjacentes pois muitas vezes o que leva o paciente a atenção primária são queixas somáticas.Já o segundo passo é a escuta clínica e o bom julgamento clínico pois todo paciente que fala sobre suicídio tem risco em potencial e merece investigação e atenção especial. O terceiro passo corresponde ao manejo e é importante frisar que a abordagem verbal pode ser tão ou mais importante que a medicação. Posteriormente deve-se identificar e tratar transtornos psiquiátricos presentes. Por fim, o quinto passo condiz com a investigação se aquele paciente tem risco de suicídio.1
A investigação do risco de suicídio deve ser feita com cautela e de maneira gradual e dividida em perguntas que serão dirigidas a todos os pacientes e perguntas que serão feitas a apenas para aqueles indivíduos que responderam às três perguntas iniciais que sugerem, pelas respostas, um risco de suicídio1,2.
São seis perguntas fundamentais em cada consulta, sendo três delas para todos os pacientes1:
1. Você tem planos para o futuro? A resposta do paciente com risco de suicídio é não1;
2. A vida vale a pena ser vivida? A resposta do paciente com risco de suicídio novamente é não1;
3. Se a morte viesse, ela seria bem-vinda? Desta vez a resposta será sim para aqueles que querem morrer.1
Se o paciente respondeu como foi referido acima, o profissional de saúde fará estas próximas perguntas1:
4. Você está pensando em se machucar/se ferir/fazer mal a você/em morrer?1;
5. Você tem algum plano específico para morrer/se matar/tirar sua vida?1;
6. Você fez alguma tentativa de suicídio recentemente?
Posteriormente serão feitas questões adicionais para avaliar a frequência e severidade da ideação, possibilidade real de suicídio, se há algum plano suicida, se há meios praticá-lo conforme sugestões abaixo1:
*Há meios acessíveis para cometer suicídio? (Armas, andar onde mora, remédios ou inseticidas)1;
*Qual a letalidade do plano e a concepção da letalidade pelo paciente? Qual a probabilidade de resgate/como foi o resgate?1;
*Alguma preparação foi feita? (Carta, testamento ou acúmulo de comprimidos)1 ;
*Quão próximo o paciente esteve de completar o suicídio? O paciente praticou anteriormente o ato suicida ou já tentou?1;
*O paciente tem habilidade de controlar seus impulsos?1;
*Há fatores estressantes recentes que tenham piorado as habilidades de lidar com as dificuldades ou de participar no plano de tratamento?1;
*Há fatores protetores? Quais os motivos para o paciente se manter vivo? Qual a visão do paciente sobre o futuro?1
Manejo do Suicídio na Atenção Primária
É importante que familiares e profissionais de saúde estejam atentos a manifestação de alguns sinais que possam ser indicativos de que esse paciente possa está correndo risco de suicídio. A integralidade na assistência é ponto fundamental para identificar possíveis sofrimentos psíquicos.