Como caracterizar “cuidador tradicional” e “comunidades tradicionais” para realizar o preenchimento destes campos na ficha de cadastro individual do e-SUS/AB?

| 13 novembro 2015 | ID: sofs-23009
Solicitante:
CIAP2:

A classificação de um cuidador ou comunidade tradicional na ficha do e-SUS é realizada a partir da resposta referida pelo usuário.

Para classificar, é importante saber que Cuidador tradicional é aquele que envolve em suas práticas de cuidado saberes empíricos, crenças e costumes culturais das comunidades locais tradicionais. Por sua vez, os povos e comunidades tradicionais, além dos quilombolas e indígenas, podem ser: agroextrativistas, caatingueiros, caiçaras, comunidades de fundo e fecho de pasto, comunidades do cerrado, extrativistas, faxinalenses, geraizeiros, marisqueiros, pantaneiros, pescadores artesanais, pomeranos, povos ciganos, povos de terreiro, quebradeiras de coco de babaçu, retireiros, ribeirinhos, seringueiros, vazanteiros e outros1.

Povos e Comunidades Tradicionais compreendem “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”2.


O termo “Cuidador tradicional ou popular” denomina os especialistas populares ou tradicionais não profissionalizados, com práticas de diferentes curadores populares (parteiras, benzedeiras, raizeiros) ou curadores que fazem parte de povos ou comunidades tradicionais (indígenas, populações ribeirinhas amazônicas etc.), com teorias, aspectos culturais, sociais e visão de mundo convergente ou divergente entre si, cujos saberes e práticas baseiam-se em uma abordagem holística, herdada de familiares, de um “dom” ou aprendizado com outro curador, sendo parte da relação com o usuário a criação de vínculo3.

É legalmente instituído o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade no Brasil, sendo importantíssimo para o alcance do modelo de atenção à saúde – integral e equânime, preconizado pelo Sistema Único de Saúde, que se leve em conta e respeite as diferenças para o planejamento do cuidado2.

Conhecer e identificar os aspectos socioculturais que envolvem a vida de cada usuário e família atendidos pela Estratégia Saúde da Família, permite que o serviço seja mais acessível, integral e resolutivo, respeitando as singularidades no planejamento e realização de todas as atividades desenvolvidas4.

É importante utilizar todos os recursos que o e-SUS disponibiliza, qualificando e ampliando as possibilidades de monitoramento e avaliação do cuidado prestado.

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. e-SUS Atenção Básica: Manual para preenchimento das fichas de coleta de dados simplificada : CDS – Versão 3.0 [recurso eletrônico]. Secretaria-Executiva. Brasília: Ministério da Saúde. (Versão preliminar). 2018:145p. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/Manual_CDS_3_0.pdf
  2. Brasil. Decreto 6040, de 7 de fevereiro de 2007 – Política de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm
  3. Menéndez E. Modelos, saberes e formas de atenção ao padecimento: exclusões ideológicas e articulações práticas. In: Menendez E. Sujeitos, saberes e estruturas: uma introdução ao enfoque relacional no estudo da Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec, 2009:17-70.
  4. Oliveira MAC, Pereira IC. Atributos Essenciais da Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família. Rev Bras Enferm. 2013; 66(esp): 158-64. Disponível em: http://www.scielo.br/readcube/epdf.php?doi=10.1590/S0034- 71672013000700020&pid=S0034-71672013000700020&pdf_path=reben/v66nspe/v66nspea20.pdf