Estudos com Grau de Evidência B sinalizam que a internação para usuários deste tipo de drogas não é a melhor opção, o estudo aponta para o trabalho preventivo, social e familiar com estes pacientes.
A internação do dependente, ao contrário do que se acreditava antigamente, não é solução para todos os pacientes. Ao contrário, os estudos científicos realizados nas últimas décadas não comprovam nenhuma vantagem de um método hospitalar em relação a ambulatório para toda a população de dependentes que buscam, ou são levados para o tratamento. Pelo contrário, a internação é mais bem entendida como um método de promoção de abstinência, apenas uma parte da recuperação do indivíduo, devendo SEMPRE ser associada a seguimento ambulatorial posterior. O tratamento em ambulatório, de fato apresenta algumas vantagens sobre a internação, por ser menos custoso (possibilita ao serviço o tratamento de um maior número de dependentes), causar menor interrupção na vida do indivíduo (muito dependentes que procuram tratamento, por exemplo, continuam a manter atividades sociais e ocupacionais importantes, auxiliando na manutenção de toda sua família). A internação carrega também uns estigmas sociais importante, que é delegado ao indivíduo. O dependente aceita mais fácil o tratamento ambulatorial e este modelo busca que o paciente lide com sua compulsão em seu “mundo real” (ao qual irá retornar muitas vezes despreparado após período de internação). Por outro lado, existem algumas indicações importantes de internação.
Principais Indicações de Internação para dependentes
- Risco de suicídio, agressividade física importante, quadro psicótico
- Doenças médicas ou psiquiátricas associadas que indiquem internação (infarto de miocárdio, convulsões, etc.)
- Intensa disfunção de vida do dependente ou incapacidade de lidar com tarefas básicas de sua própria rotina (cuidados pessoais, alimentação, etc.)
- Dependência associada de substâncias que requerem tratamento hospitalar (abstinência de álcool ou opióides)
- Fracasso das tentativas de abordagem ambulatorial do dependente.
A família necessita participar ativamente do tratamento e do processo de recuperação do dependente, como núcleo de suporte fundamental do indivíduo. Esta tarefa, porém, não é nada fácil, dados os prejuízos sofridos pelos familiares durante o curso da dependência do álcool e/ou drogas (agressões, furtos domésticos, doenças do paciente, etc.). Para tanto, paralelamente ao tratamento individual, uma intervenção terapêutica familiar é sempre aconselhável.
No Estado do Rio Grande do Sul o Ministério da Saúde constatou que o risco maior, entre usuários de drogas injetáveis, é a transmissão do vírus da aids, pelo compartilhamento de seringas e agulhas e sexo desprotegido. Entre eles, a prevalência do HIV chega a 41%. No sul do país, por exemplo, o crescimento da aids deve-se fundamentalmente, a este meio de transmissão do vírus. Já entre os usuários do crack, a maior prevalência é de hepatite.
A evidência dessas doenças fez com que o Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde incorporasse todos os serviços de controle das doenças infecciosas ao trabalho de redução de danos com usuários de drogas. A partir do segundo semestre deste ano, eles terão acesso aos programas de vacinações e controle das hepatites virais, hanseníase, tuberculose e leptospirose.