A sexualidade deve ser abordada de forma individualizada levando em conta as especificidades de cada adolescente. O tema da sexualidade nos portadores de Síndrome de Down (SD) ainda é cercado de tabus e crenças. Geralmente é assunto negado e pouco discutido pelas famílias que assumem uma atitude superprotetora, mantendo-os numa posição infantil e quase assexuada1. O portador de SD tem capacidade de viver e experienciar sua sexualidade de modo gratificante, à semelhança dos indivíduos comuns2. Logo, é muito importante que os profissionais de saúde que atendem estes jovens e suas famílias conversem sobre sexualidade, esclareçam dúvidas e exerçam papel educador com finalidade de evitar comportamentos de risco como atividade sexual sem preparo ou proteção adequada e até mesmo sem desejo1. Para estes jovens e suas famílias é importante esclarecer sobre o crescimento físico normal, higiene, menstruação, masturbação, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), contracepção, casamento e abuso sexual. As informações devem ser repetidas e acompanhadas a longo prazo para garantir o sucesso do aprendizado1. Lembrando que os portadores de SD não são semelhantes em suas capacidades de aprendizado, independência, estabilidade emocional e habilidade social. Todo processo deve ser individualizado conforme as habilidades e limitações de cada indivíduo. As famílias dos portadores de SD necessitam de um espaço para explorar seus temores, suas resistências, rejeições, negações e ansiedades relacionadas à sexualidade do adolescente e precisam de orientação específica para traçar planos futuros para a nova etapa de vida e seu filho3. Com orientação é possível que estes jovens construam relacionamentos sexuais saudáveis; contudo, sem assistência é mais provável que fiquem isolados e expostos a riscos.
Durante o atendimento é importante explorar as crenças da família e os desejos e necessidades do adolescente portador de SD com o objetivo de atendimento centrado no adolescente, na família e no contexto cultural em que estão inseridos. Tendo como fio guia da equipe a competência cultural e a integralidade do cuidado.
Sugerimos também o trabalho conjunto da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) com finalidade de envolver todos membros da equipe, proporcionar troca de conhecimentos e construção de plano terapêutico individualizado além de ser um excelente tema para a educação permanente das equipes.