Como abordar a família e o paciente idoso sobre um diagnóstico desfavorável em saúde bucal?

| 3 outubro 2019 | ID: sofs-42640
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

É necessário fazer uma abordagem de forma clara e evitando termos técnicos que possam provocar problemas de interpretação. Assim, o profissional de saúde precisa saber se comunicar com o leigo e tomar a precaução de se fazer entender (1,2).

Sempre ao final de uma consulta com um paciente para comunicar-lhe uma notícia desagradável, deve-se verificar a compreensão, observar os sentimentos e a situação emocional do paciente e colocar-se, assim como o serviço, à disposição (1,3), assegurando-lhe o atributo do acesso. Se houver necessidade de referenciá-lo para tratamento em serviços de atenção secundária ou terciária, assegurar-lhe um acompanhamento, coordenando e/ou integrando os cuidados recebidos (1).


Existem alguns protocolos que auxiliam profissionais de saúde em dar más noticias, como o Spikes: um acrônimo de Settings (Configurações), Patient’s perception (Percepção do paciente), Invitation (Convite), Knowledge (Conhecimento), Explore\ Empathy (Explorar\Empatia), Strategy\Summary (Estratégia\Resumo)(4). Os protocolos geralmente seguem um roteiro de preparação para dar a noticia, a noticia em si, o tempo e a observação das reações da pessoa e sua família, além da mobilização dos recursos para o manejo/seguimento.

Assim sendo, e tendo como fundamento os princípios da Bioética, pode-se dizer que a comunicação da verdade diagnóstica ao paciente e seus familiares constitui um benefício para os mesmos (princípio da beneficência), por possibilitar sua participação ativa no processo de tomada de decisões (autonomia) (1,5).

A informação e a orientação são também peças-chave nas ações odontológicas. Portanto, os idosos e seus familiares, médicos, dentistas, enfermeiros, cuidadores e toda a equipe devem estar cientes dos potenciais problemas odontológicos no idoso(6).

A não comunicação só é permitida em casos de pacientes pediátricos, ou quando suas condições físicas ou psicológicas não permitam uma correta compreensão de sua doença, devendo nesse caso ser o diagnóstico comunicado à família. É, portanto, uma conduta de exceção e exige do profissional discernimento e envolvimento suficientes para saber reconhecer para quais pacientes a verdade pode ser omitida(1,5).

Bibliografia Selecionada:

  1. Núcleo de Telessaúde Santa Catarina. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Segunda Opinião Formativa (SOF). Como comunicar o paciente sobre um possível diagnóstico de câncer de boca? 13 maio 2016 | ID: sof-23620. Disponível em: https://aps.bvs.br/aps/como-comunicar-o-paciente-sobre-um-possivel-diagnostico-de-cancer-de-boca
  2. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ, Duncan MS, Giugliani C. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências – 4. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2013:1976pags.
  3. Geovanini F. Notícias que (des) enganam: o impacto da revelação do diagnóstico e as implicações éticas na comunicação de más notícias para pacientes oncológicos. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública. Tese de Doutorado. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. 2011:135pags. Disponível em: http://bvssp.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=2533
  4. Camargo NC, de Lima MG, Brietzke E, Mucci S, de Góis AFT. Ensino de comunicação de más notícias: revisão sistemática. Rev. Bioét. 2019;27(2):326-340. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422019000200326&lng=pt&nrm=iso
  5. Silva VCE, Zago MMF. A revelação do diagnóstico de câncer para profissionais e pacientes. Rev. Bras. Enferm. 2005;58(4):476-80. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n4/a19v58n4.pdf
  6. Shinkai RSA, Del Bel Cury AA. O papel da odontologia na equipe interdisciplinar: contribuindo para a atenção integral ao idoso. Cad. Saúde Pública. 2000;16(4):1099-1109. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2000000400028&lng=en&nrm=iso&tlng=pt