Os casos de hanseníase multibacilar que finalizaram o tratamento mas permanecem com positividade na baciloscopia do raspado intradérmico, devem ser encaminhados para o serviço de referência?

| 31 maio 2016 | ID: sofs-23661
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

O encaminhamento para o Serviço de Referência em Hanseníase deve ser feito se o paciente, ao término do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas), apresenta pouca ou nenhuma melhora clínica, com lesões cutâneas e/ou exacerbação de lesões antigas, bem como, novas alterações neurológicas (1,2). Também deverá ser encaminhado, se há dúvidas quanto à melhora das lesões, tendo em vista que casos de hanseníase multibacilar que iniciam o tratamento com numerosas lesões ou extensas áreas de infiltração cutânea podem apresentar uma regressão mais lenta destas lesões de pele. A maioria desses doentes continuará a melhorar após a conclusão do tratamento com 12 doses. É possível, no entanto, que alguns desses casos não demonstrem qualquer melhora e por isso deverão ser avaliados em serviço de referência quanto à necessidade de 12 doses adicionais de PQT/MB (poliquimioterapia / casos multibacilares) (1). O critério de alta adotado pela OMS e pelo Ministério da Saúde é ter completado o esquema terapêutico padrão (2), e não depende da negativação da baciloscopia do raspado intradérmico (1). A baciloscopia pode necessitar de um tempo maior para negativar, uma vez que o índice baciloscópico diminui em média 0,6 a 1,0 log/ano (2).


Complementação

Baciloscopia – é o exame microscópico onde se observa o Mycobacterium leprae, diretamente nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados: lóbulos auriculares e/ou cotovelos, e lesão quando houver (3). Em pacientes com lesões cutâneas visíveis ou áreas com alteração de sensibilidade, a coleta deverá ser feita em lóbulo auricular direito (LD), lóbulo auricular esquerdo (LE), cotovelo direito (CD) e lesão (L). Já em casos sem lesões ativas visíveis, deve-se colher material do lóbulo auricular direito (LD), lóbulo auricular esquerdo (LE), cotovelo direito (CD) e cotovelo esquerdo (CE) (4). Do ponto de vista morfológico, o Mycobacterium leprae, pode apresentar-se nas formas de bacilo íntegro, fragmentado ou granuloso, sendo o íntegro considerado a forma viável (4). Os bacilos fragmentados são aqueles que apresentam pequenas falhas em sua parede celular devido à interrupção da síntese dos componentes que compõem a mesma. São considerados inviáveis ou mortos, sendo frequentemente observados em esfregaço de pacientes após término do tratamento (4).
Quando se usa a baciloscopia para monitorar recidiva da infecção, o critério é o aumento do índice baciloscópico em 2+, em qualquer sítio de coleta, comparando-se com um exame anterior do paciente após alta da PQT (se houver), sendo os dois coletados na ausência de estado reacional ativo (1).

Que condições da hanseníase exigem encaminhamento? Os profissionais deverão encaminhar pacientes cujas necessidades eles não sejam capazes de atender, ou porque não foram capacitados para tanto, ou porque não possuem os recursos necessários (medicamentos, equipamentos, outros profissionais, etc.) para tratar o problema. (5)

Encaminhamentos de rotina
Condições não-urgentes incluem:

Encaminhamentos urgentes
Condições que exigem tratamento urgente, tais como:

– Reações hansênicas severas, incluindo:

– Infecção severa da mão ou pé (geralmente relacionadas a uma úlcera com secreção fétida): a mão ou pé estará quente, vermelho, edemaciado e provavelmente dolorido.
Envolvimento ocular na hanseníase – quatro problemas específicos que exigem encaminhamento urgente:

– Reação adversa severa à medicação.

Atributos APS

Quais as mensagens importantes para a pessoa que está completando o tratamento com êxito? (5)

A maioria dos pacientes nessa situação não terá problemas futuros. Entretanto, depois de serem parabenizados por terem concluído o tratamento, eles precisam ser alertados sobre possíveis complicações:

 

 

Bibliografia Selecionada:

  1. BRASIL. Ministério da Saúde/ Gabinete do ministro. Portaria. Portaria nº 3.125, de 07 de outubro de 2010 – Aprova as Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da Hanseníase. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt3125_07_10_2010.html>. Acesso em: 13 maio 2016.
  2. Rio de janeiro. Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, Sub-Secretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Superintendência de Atenção Primária Coordenação de Linhas de Cuidado e Programas Especiais. Linha de Cuidado da Hanseníase. 2010. Disponível em:<http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/judicializacao/pdfs/487.pdf>. Acesso em: 13 maio 2016.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf>. Acesso em: 13 maio 2016.
  4. Brasil. Ministério da Saúde.  Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em hanseníase. Brasília : Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, 2010 : Série A. Normas e Manuais Técnicos. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/outubro/14/guia-hanseniase-10-0039-m-final.pdf>. Acesso em: 13 maio 2016.
  5. Organização Mundial da Saúde. Estratégia global aprimorada para redução adicional da carga da hanseníase (2011 – 2015): diretrizes operacionais (atualizadas)  / Organização Mundial da Saúde. Brasília, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_global_aprimorada_reducao_hanseniase.pdf>. Acesso em: 13 maio 2016.