Quais indicações do uso do cariostático, qual a melhor concentração: 12% ou 30% e qual é a técnica para sua utilização?

| 4 fevereiro 2010 | ID: sofs-3788
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

Um dos agentes cariostáticos que tem se mostrado eficaz no manejo clínico do processo de cárie é o diamino fluoreto de prata, produto com propriedades preventivas e cariostáticas e que também apresenta facilidade de aplicação, baixo custo e pode ser utilizado em larga escala.
Mesmo com o resultado anti-estético de sua aplicação, ele deve ser empregado como uma opção de tratamento em crianças de pouca idade com um elevado número de cáries ativas.
Historicamente, com o intuito de explorar ao máximo os potenciais benéficos da prata e do flúor quando aplicados topicamente, uma solução de diamino fluoreto de prata a 30% foi testada, verificando-se que ocorria uma perda mínima de íons Ca++ e PO4-.
O diamino fluoreto de prata apresenta, em sua composição, hidróxido de amônia, nitrato de prata, hidróxido de cálcio, ácido fluorídrico e solvente. No Brasil, é comercializado nas concentrações de 10%, 12%, 30% e 38%.
Várias propriedades foram atribuídas ao diamino fluoreto de prata, entre elas: tornar o esmalte dental mais resistente, inibir a formação de placa, diminuir a produção ácida dos micro organismos na dentina cariada, reduzir a população de Streptococcus mutans e obliterar os canalículos dentinários expostos, estabelecendo uma ação cariostática e impedindo o desenvolvimento de cárie.
Um estudo (3) comparou três concentrações do diamino fluoreto de prata (10%, 12% e 30%) e nitrato de prata a 2% em relação ao seu efeito antimicrobiano. O resultado mostrou que quanto maior a concentração da solução cariostática, maior é o seu efeito antibacteriano. Todavia, outro estudo (5) realizou o tratamento de cavidades profundas de cárie com o diamino fluoreto de prata a 38%. Houve um maior comprometimento pulpar com o aparecimento de abscesso quando utilizado diamino fluoreto de prata a 38%, enquanto que na concentração de 10 % não se percebeu tais alterações.
O estudo de Guedes (2) destaca que antes da aplicação do diamino fluoreto de prata, deve-se informar os responsáveis que na região em que o processo da cárie estiver presente, ocorrerá o escurecimento. Preconiza a  seguinte técnica de aplicação:

  1. Profilaxia com pedra-pomes e água;
  2. Remoção da dentina amolecida com curetas;
  3. Lavagem e secagem;
  4. Proteção dos tecidos moles com vaselina ou manteiga de cacau;
  5. Isolamento relativo e secagem do campo operatório;
  6. Aplicação com bolinha de algodão ou cotonete umedecido, por 3 minutos.

Caso ocorra contato desta substância com tecido mole, por exemplo, a gengiva, formando uma área esbranquiçada, deve-se neutralizar a ação do diamino com solução salina a 3%. Se acontecer contato do produto com a pele e roupas, recomenda-se lavar com água, amônia ou água oxigenada. Para melhor eficácia no tratamento as reaplicações devem ser feitas trimestralmente, maximizando assim a ação cariostática da solução.


Bibliografia Selecionada:

  1. Ditterich RG, Romanelli MCMOV, et al. Diamino fluoreto de prata: uma revisão de literatura. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde [Internet]. 2006 [citado 2010 Jan 29];12(2):45-52. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/biologica/article/viewFile/433/434 Acesso em: 4 fevereiro 2010.
  2. Guedes-Pinto AC, Issáo M. Manual de Odontopediatria. 10a ed. São Paulo: Pancast; 1999. p. 184-5.
  3. Montandon EM, Sperança PA. Estudo comparativo in vitro da atividade antimicrobiana de agentes cariostáticos à base de diamino fluoreto de prata. J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2000;3(16):465-74.
  4. Russo M, Tomatsu J, Takayama S, Holland Júnior C, Sundfeld RH, Castro MAM, Quintella LPAS, Mestrener SR. Efeitos da aplicação da solução de Diamino fluoreto de prata a 38% em dentina de dentes decíduos de cães. Rev Bras Odontol. 1986;43(2):14-19.
  5. Russo M, Tomatsu J, Takayama S, Holland Júnior C, Sundfeld RH, Mestrener SR, Castro MAM, Quintella LPAS. Diaminofluoreto de prata: resposta pulpar à aplicação de uma solução a 10% em dentina. RGO. 1987;35(4):264-266.