Diante de ciclos menstruais irregulares logo antes da idade típica da perimenopausa, deve-se perseguir a elucidação diagnóstica ou observar a evolução do quadro?

| 9 fevereiro 2018 | ID: sofs-37254
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

A falta da menstruação em mulheres até 40 anos merece uma investigação cuidadosa, pois além de uma possível menopausa precoce ou de insuficiência ovariana, podem haver outras causas para o problema apresentado, e que merecem uma avaliação clínica completa.(¹)


Não é impossível que a menopausa ocorra fora da faixa etária para fase do climatério, que corresponde ao último ciclo menstrual que em geral ocorre entre 40 e 55 anos de idade.(¹)
Podem haver variações, mas é importante saber o padrão do ciclo menstrual familiar (mãe, irmãs, tias), pois a idade do primeiro e do último ciclo menstrual pode ser semelhante entre as mulheres da mesma família. Caso esteja mesmo nesta fase de climatério ou tenha ocorrido a menopausa, a possibilidade de gestação não é zero, mas é reduzida.(¹)
1) Definições:(2,3)
a) Climatério: período de modificação no padrão menstrual e os primeiros anos sem menstruação.
b) Menopausa: o último período menstrual na vida de uma mulher. O diagnóstico é retrospectivo, ou seja, só pode ser definido se passaram 12 meses após a última menstruação. Esta última menstruação será denominada menopausa.
c) Perimenopausa: período antes da menopausa, onde a menstruação se altera, até um ano após a última menstruação.
d) Pós-menopausa: período que começa um ano após a última menstruação.
2) Dosagem de FSh – Para a verificação da ocorrência ou não da menopausa, é necessário fazer a dosagem sérica do FSH, na fase folicular que se segue à pausa de sete dias na tomada do anticoncepcional. Valores maiores que 40 mUI/ml sugerem falência ovariana, o que deve ser repetido e confirmado depois de 30 dias sem uso de medicação anticoncepcional ou terapia de reposição hormonal.
3) O que fazer ? Colocamos abaixo as situações em que deve-se encaminhar mulheres no climatério:
a) Menopausa precoce;
b) Esclarecimento de dúvidas quanto ao risco ou contra indicações de terapia hormonal;
c) Prescrição e controle de terapia hormonal, nos casos em que o médico de APS não esteja capacitado a fazê-lo;
d) Na presença de efeitos colaterais persistentes e de difícil controle da terapia hormonal;
e) Metrorragia depois de estabelecida a menopausa;
f) Sangramento uterino anormal em mulheres usando terapia hormonal;
g) Esclarecimento de sintomas suspeitos de neoplasia ginecológica e mamária.
Atributos da APS
Acesso: O serviço de saúde deve garantir acesso aos melhores insumos complementares à saúde, ou seja, de acordo com o momento do ciclo de vida da mulher, sendo possível acesso a exames complementares mais adequados e pela dinamicidade do climatério a equipe deve estar preparadas para mudanças de condição clínica e de risco e promover intervenções imediatas.
Longitudinalidade: A equipe deve garantir a continuidade do cuidado à mulher e à família ao longo de um tempo que não é possível determinar. Tudo se inicia com o primeiro contato com o serviço de saúde e se consolida a cada novo papel na várias etapas do ciclo de vida.
Material complementar: Telessaude ES. Webconferência: Abordagem do Climatério na Atenção Primária de Saúde. Palestrante: Justino Mameri Filho(Médico ginecologista e obstetra ); Valesca Lucena (Debatedora) . Apresentado em 28 abr 2016. Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?v=fJ8nO1whreU

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva [internet] /  Brasília : Ministério da Saúde, 2010; [citado em 2017 set 17]. 300 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 26). Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad26.pdf
2. Bouma J, et.al. Traduzido do original em Holandês por Luiz F.G. Comazzetto. Climatério – Resumo de diretriz NHG M73 [internet] (primeira revisão, abril 2012) traduzido em 2014. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Acesso em: 17 set 2017. Disponível em: http://sbmfc.org.br/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf Autorização para uso e divulgação sem fins lucrativos à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
3. Daudt CVG; Freitas FGMF; Machado DB. Climatério e menopausa. Cap.121. In: GUSSO, Gustavo D. F., LOPES, José M. C. Tratado de Medicina de Família Comunidade – Princípios, Formação e Prática. Porto Alegre: ARTMED, 2012. p.1046 – 54.