Rastreamento para câncer colorretal: solicitar ou não pesquisa de sangue oculto nas fezes?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-91
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

Uma revisão sistemática de Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) (Grau A) demonstrou que a realização de pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente ou a cada dois anos, seguida de investigação complementar nos casos de resultado positivo, diminuiu as taxas de mortalidade por câncer colo retal quando comparadas a não realização do “screening” após 18 anos de acompanhamento.

Resultados combinados de 4 ECR (Grau A) demonstraram que os participantes que realizaram rastreamento anual tiveram uma redução de 16% no risco de mortalidade por câncer de cólon (RR 0,84; IC 95% 0,78-0,90) em relação aos indivíduos que não realizaram o “screening”. Nos três estudos que compararam a pesquisa de sangue oculto nas fezes a cada dois anos com grupo de indivíduos que não realizou rastreamento houve uma redução de 15% no risco de mortalidade por câncer de cólon no grupo que fez rastreamento (RR 0,85; IC95% 0,78-0,92).

Uma ressalva importante da maioria dos estudos é em relação ao risco de resultados falso positivos nos exames de sangue oculto nas fezes, os quais podem acarretar em danos psicológicos e ainda realização de colonoscopia desnecessária com riscos de perfuração inerentes ao procedimento. O valor preditivo positivo do teste varia entre 2 e 50%. Quando há perda de 10ml/dia, a acurácia do teste é de 67% e quando a perda é de 720ml/dia a acurácia fica em torno de 80-89%.

Deve-se orientar ao paciente para fazer coleta de pelo menos 3 amostras de fezes e abster-se por 72 horas dos seguintes medicamentos e alimentos: antiinflamatórios não esteróides, AAS , carne vermelha, ovos, banana, espinafre e legumes coloridos. O uso de antiácidos e antidiarréicos podem dificultar a leitura do teste. A vitamina C pode aumentar a chance de resultados falso negativos.

Cabe ressaltar que a escolha do exame de rastreamento para câncer colorretal depende da avaliação prévia da efetividade, aceitabilidade, relação custo-benefício e recursos disponíveis. Um fator importante quando se tem elevada prevalência de resultados falsos positivos é observar se os pacientes estão fazendo o preparo adequado para coleta do exame e qual o método utilizado pelo laboratório.

 

 

 

 


Bibliografia Selecionada:

  1. Mandel JS, Church TR, Bond JH, Ederer F, Geisser MS, Mongin SJ, Snover DC, Schuman LM. The effect of fecal occult-blood screening on the incidence of colorectal cancer. N Engl J Med. 2000 Nov 30;343(22):1603-7. Disponível em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200011303432203#t=articleTop
  2. Hewitson Paul, Glasziou Paul P, Irwig Les, Towler Bernie, Watson Eila. Screening for colorectal cancer using the faecal occult blood test, Hemoccult. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue 3, Art. No. CD001216. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD001216