O que fazer diante de um paciente com diabetes mellitus com controle glicêmico ruim?

| 22 julho 2014 | ID: sofs-6846
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência: ,

A American Diabetes Association (ADA) e European Association for the Study of Diabetes (EASD) elaboraram uma diretriz de consenso1, em 2006, para a tratamento para diabetes tipo 2, as quais recomendam mudança de estilo de vida – MEV – juntamente com a administração de metformina (na ausência de contra indicações), como tratamento inicial de escolha de DM2 (MEV isoladamente poderiam ser tentadas durante 3 a 6 meses em indivíduos pouco sintomáticos e muito motivados com A1C<7,5%) (Nível A).
Diante da intolerância ou contra indicação, a metformina pode ser substituída por outros antidiabéticos orais (sulfoniluréias, glitazonas, inibidores de DPP4 ou análogos de GLP-1).
Após uma resposta inicial bem sucedida à terapia por via oral,a maioria dos pacientes não consegue manter os níveis alvo hemoglobina glicosilada (HbA1c) com passar de vários anos . Isso porque os agentes orais se tornam menos efetivos na vigência da deterioração da função das células betas.
Diante desse controle insatisfatório, a conduta seria aumentar a metformina (que, para minimizar e/ou evitar sintomas/desconfortos grastrointestinais, deve ser usada DURANTE AS REFEIÇÕES- uma vez que eles retardam a absorção do medicamento e reduzem seus efeitos adversos no trato gastrointestinal), exceto quando contraindicada, como em situações de risco para acidose láctica (infecções, quadro agudos potencialmente graves, insuficiência renal, insuficiência hepática, etc). Relembrando a dose máxima de 2550mg/dia, embora não se costume observar efeitos adicionais com doses >2000mg/dia; (recentemente, acrescentou-se às nossas opções o glifage XR – metformina de liberação estendida) (Nível D).
Quando o objetivo do tratamento de A1C < 7%, em uso de metformina e intervenções no estilo de vida, não é alcançado dentro de três meses, as opções terapêuticas para aqueles pacientes que falharam à terapia inicial com metformina e intervenções no estilo de vida são insulinização ou adição de um segundo medicamento com mecanismo de ação diferente (sulfoniluréias, glitazonas, inibidores de DPP4 ou análogos de GLP-1)1(Nível A). Não há consenso sobre qual opção é mais efetiva¹.
Alguns estudos mostraram as vantagens da adição de uma terceira droga quando a terapia com duas drogas não alcançou ou não mais está conseguindo manter as metas glicêmicas2. Se uma terapia tripla sem insulina for escolhida, o paciente tem de ser monitorado atentamente e a abordagem mudada precocemente caso seja observado um insucesso, visto que muitos meses de hiperglicemia devem ser evitados, haja visto as potenciais complicações agudas e crônicas advindas dessa.
Sempre, nos pacientes que estão fora da meta almejada para o adequado controle glicêmico, há de se reforçar, concomitantemente às etapas de reajustes de medicamentos, um ação coordenada, longitudinal e multidisciplinar visando supervisão da aderência à dieta orientada, da realização de atividades físicas regulares e do uso correto e regular das medicações.


SOF Relacionadas:

  1. O que fazer quando o paciente com DM2 em uso de insulina basal, mantem o controle glicêmico insatisfatório?
  2. Por que um paciente não consegue atingir as metas almejadas no tratamento do diabetes mellitus tipo 2?
  3. Quais objetivos ou metas gerais no manejo dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2? Quando as metas podem ser menos rígidas?

Bibliografia Selecionada:

  1. Inzucchi, Silvio E. et al. Management of hyperglycemia in type 2 diabetes: a patient centered approach position statement of the American Diabetes Association (ADA) and the European Association for the Study of Diabetes (EASD). Diabetes Care [Internet]. 2012 [cited 2014 Jan 10];35(6):1364-1379. Disponível em: http://care.diabetesjournals.org/content/35/6/1364.full Acesso em: 22 jul 2014.
  2. Bell DS, Dharmalingam M, Kumar S, Sawakhande RB. Triple oral fixed-dose diabetes polypill versus insulin plus metformin efficacy demonstration study in the treatment of advanced type 2 diabetes (TrIED study-II). Diabetes Obes Metab [Internet]. 2011 [cited 2014 Jan 10];13:800–5. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1463-1326.2011.01408.x/abstract Acesso em: 22 jul 2014.
  3. American Diabetes Association. Standards of medical care in diabetes—2014. Diabetes Care [Internet]. 2014 [cited 2014 Jan 10];37(Suppl 1): S14-S80. Disponível em: http://care.diabetesjournals.org/content/37/Supplement_1/S14.extract Acesso em: 22 jul 2014.