Quais orientações devem ser dadas ao paciente obeso?

| 23 junho 2009 | ID: sofs-589
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

O ato de alimentar-se tem um papel social tão importante quanto o papel nutricional. A obesidade e o sobrepeso são importantes preocupações em saúde pública devido a associação com aumento de risco para hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito, doença coronariana, osteoartrite, anormalidades lipídicas, doença da vesícula biliar e alguns tipos de cânceres.
De nada adianta desenvolver um plano terapêutico se o paciente e sua família não estão motivados ou aptos para executá-lo. Assim é importante avaliar as razões ou motivações para a perda de peso, as tentativas prévias e as causas de insucesso, o apoio familiar e amigos, o entendimento dos riscos e benefícios, as atitudes a favor ou contra o aumento de atividade física, o tempo disponível e os potenciais obstáculos atuais para as mudanças necessárias no estilo de vida. O sucesso das ações de saúde, na maioria das vezes depende da integração e criatividade de toda a equipe.
A seguir as atribuições de cada membro da equipe, ou seja, como os profissionais podem auxiliar o paciente obeso a mudar seu estilo de vida.
Médico: Estimular a participação comunitária em ações que visem à melhoria da qualidade de vida, realizar ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso; realizar consulta clínica em ambulatório e domicílios, trabalhos com grupos, aferir os dados antropométricos de peso e altura, realizar ações de vigilância nutricional, avaliar os casos de risco e tratar agravos à saúde associados (hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes, etc), solicitar exames complementares, quando for necessário, o apoio especializado. Usuários com sobrepeso (IMC entre 25,0 29,9 Kg/m 2 ) associado à co-morbidade (diabetes mellitus) ou que apresentem obesidade (IMC maior que 30 Kg/m 2 ) deverão ser acompanhados por nutricionista; os casos de obesidade adquirida por distúrbios hormonais deverão ser referenciados para serviço de endocrinologia. Acompanhar os casos a partir da contra-referência, participar e coordenar atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da co-participação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias a aprendizagem em serviço, participar das reuniões de equipe de planejamento e avaliação.
Enfermeiro: Estimular a participação comunitária para ações que visem à melhoria da qualidade de vida da comunidade, realizar ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso, realizar ações de vigilância nutricional, acompanhar as ações dos auxiliares de enfermagem e dos agentes comunitários, realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares, aferir os dados antropométricos e peso e altura, avaliar os casos de riscos e quando for necessário buscar o apoio especializado, utilizar o serviço de nutrição, o clínico ou outros profissionais. Os usuários com sobrepeso (IMC entre 25,0 e 29,9 Kg/m 2) associado à co-morbidade (diabetes mellitus) ou que apresentem obesidade IMC maior que 30 Kg/m2, devem ter consulta com nutricionista para acompanhamento nutricional. Acompanhar o controle dos agravos à saúde associados, apartir da contra-referência, participar e coordenar atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da co-participação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias da aprendizagem em serviço, e participar das reuniões de equipe de planejamento e de avaliação.
Auxiliar de enfermagem: Estimular a participação comunitária para ações que visem à melhoria da qualidade de vida da comunidade, realizar ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso, realizar ações de vigilância nutricional, aferir os dados antropométricos de peso e altura nas pré-consultas; identificar com os agentes comunitários de saúde (ACS) as famílias e usuários em risco nutricional, participar e coordenar atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da co-participação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias da aprendizagem em serviço, e participar das reuniões de equipe de planejamento e avaliação.
Agente comunitário: Estimular a participação comunitária para ações que visem à melhoria da qualidade de vida da comunidade, realizar ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, sob supervisão e acompanhamento do enfermeiro instrutor-supervisor lotado na unidade básica de saúde da sua referência; identificar crianças e famílias em situações de risco; identificar fatores de risco do estado nutricional na família e no domicílio; realizar aferição de peso e altura nas visitas domiciliares; identificar estratégias para melhoria do estado nutricional na comunidade e na família; participar e coordenar atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição, sob a forma da co-participação, acompanhamento supervisionado, discussão de caso e demais metodologias da aprendizagem em serviço, e participar das reuniões de equipe de planejamento e avaliação.
Uma boa relação multiprofissional é fundamental nessa abordagem, e alguns pontos merecem ser destacado: desenvolver uma discussão franca sobre a importância e a dificuldade do emagrecimento, permitindo que aqueles que acham que o sacrifício envolvido na dieta é maior que o ganho possam expressar essa ideia livremente e até optar por não iniciá-la neste momento; ter uma atitude de apoio, não recriminatória e sensível às dificuldades, estigmatizações e frustrações em que vive o paciente obeso no seu dia-a-dia.
Algumas estratégicas têm sido avaliadas positivamente, com benefícios evidentes em curto prazo, estas estratégias tem Grau de Evidência B. – automonitoramento de hábitos alimentares e de atividade física (diários); – manejo do estresse; – controle de estímulos que levam aos hábitos inadequados; – técnicas de resolução de problemas; – planos para manejo de situações de risco; – reestruturação cognitiva e – apoio social.

 


Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Obesidade. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 12; Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: http://apsredes.org/site2013/manejo-da-obesidade-na-redes/files/2013/08/doc_obesidade.pdf. Acesso em: 02 abr 2015
  2. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a Ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
  3. Pi-Sunyer FX. Health implications of obesity. Am J Clin Nutr. 1991 Jun;53(6 Suppl):1595S-1603S. Disponível em: http://ajcn.nutrition.org/content/53/6/1595S.long