O alcance da faixa terapêutica do INR depende da titulação da dose total semanal (DTS) da varfarina. Esquemas/tabelas de manejo estão disponíveis em livros-texto de Atenção Primária à Saúde como o Medicina Ambulatorial (1) e Tratado de Medicina de Família e Comunidade (2). De maneira geral, ajustes de 15% na dose semanal da varfarina, promovem alteração de 1,0 no INR. Por consequência ajustes de 10% na DTS provavelmente modificarão o INR em 0,7 a 0,8. A resposta individual a varfarina é muito variável. Cada pessoa deve ter um plano terapêutico individual. O tratamento pode ser iniciado com doses de 5 a 10 mg diárias.
O INR deve ser dosado diariamente até que o alvo seja atingido e mantido por 2 dias consecutivos. A partir daí, deve-se dosá-lo 2 vezes por semana, durante 1 a 2 semanas. Se o alvo for mantido, as dosagens podem ser espaçadas para até 4 semanas.
Nos casos de primeiro episódio de trombose venosa profunda (TVP) há indicação de anticoagulação oral no período de 6 meses, com INR alvo de 2,0-3,0, para prevenção de recorrência. O número necessário tratar (NNT) para evitar 1 desfecho é 4,5.
O manejo inicial da TVP envolve a anticoagulação com heparina em ambiente hospitalar. A varfarina deve ser iniciada concomitantemente para manutenção da anticoagulação pós alta. A heparina só poderá ser suspensa após duas medidas consecutivas com o INR na faixa terapêutica, com no mínimo quatro dias de sobreposição.” ”Não ter um médico regular é tido como um dos fatores associados à má adesão ao tratamento anticoagulante, logo, a relação médico-pessoa longitudinal, integral e o vínculo entre o profissional e a pessoa são essenciais para o sucesso do tratamento. É importante que as pessoas sejam orientadas sobre as peculiaridades do tratamento e que sejam mantidas “portas abertas” para acessibilidade ao médico durante o tratamento.
As doenças tromboembólicas, ou condições com potencial para causá-las, são frequentemente diagnosticadas na prática da Atenção Primária à Saúde (APS). Muitos pacientes que são hospitalizados por eventos tromboembólicos necessitam acompanhamento da terapia anticoagulante a longo prazo, eventualmente ad eternum. Entre esses eventos, destacam-se a tromboembolia venosa (trombose venosa profunda e/ou tromboembolismo pulmonar), a fibrilação atrial, as próteses cardíacas, a cardiopatia isquêmica, a doença cerebrovascular e a vasculopatia arterial periférica.
Prescrever a dose de anticoagulante que atinja supressão suficiente da trombose e que diminua, ao máximo, o risco de sangramento pode ser um desafio, mesmo assim, a maior parte dos pacientes anticoagulados podem ser manejados na própria APS. Com manejo cuidadoso e monitorização adequada, presume-se que seja possível obter resultados semelhantes àqueles obtidos em grandes ensaios clínicos. Por outro lado, o acompanhamento não-ideal (p.ex., repetir dosagem do INR somente a cada 4 a 6 meses) pode levar à perda do benefício da terapêutica anticoagulante, fazendo com que os riscos de sangramento suplantem os potenciais benefícios.