Quais principais causas de tontura em idosos?

| 24 setembro 2010 | ID: sofs-5181
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

“Tontura” é um termo inespecífico geralmente utilizado pelo pacientes para descrever uma variedade de sintomas. Os problemas mais comuns relatados como tontura incluem vertigem, desequilíbrio, tontura inespecífica e pré-síncope. O primeiro e mais importante passo na avaliação é determinar a qual deles se refere o paciente. As proporções de pacientes com várias causas de tontura são: 40% possuem disfunção vestibular periférica; 10% têm lesão neurológica central (sistema vestibular ou tronco cerebral); 15% têm transtorno psiquiátrico; e 25% apresentam outros problemas, como pré-síncope e desequilíbrio. Em outros 10%, o diagnóstico permanece desconhecido. A distribuição das causas varia com a idade. Os idosos tem uma maior incidência de causas vestibular centrais de vertigem (quase 20%), mais frequentemente por AVC. Condições psiquiátricas e pré-síncope causam mais tontura em indivíduos mais jovens. A descrição do sintoma pelo paciente é fundamental para estabelecer a causa da tontura. Em uma série de casos em ambulatório, a história foi mais sensível para identificar vertigem (87%), pré-síncope (74%), transtornos psiquiátricos (55%) e desequilíbrio (33%). O exame físico geralmente confirmou, mas não fez o diagnóstico. Os achados ao exame físico mais úteis foram a mudança posicional dos sintomas, alterações ortostáticas de pulso e pressão arterial, observação da marcha e detecção do nistagmo.
A maioria dos transtornos psiquiátricos não foi detectada antes de realizarem-se entrevistas estruturadas para testagem psicológica. Nenhum paciente atribuiu espontaneamente as condições psiquiátricas como causa de sua tontura. Fazer perguntas abertas, ouvir a descrição do paciente sobre seus sintomas e acrescentar informações com questões específicas devem permitir o médico a formular a hipótese de causa da tontura. O passo seguinte é descartar achados de outras causas de tontura. Com essa abordagem inicial, a avaliação deve seguir no caminho certo. A tontura em idosos merece atenção especial por sua elevada prevalência, de até 38%, e por seus riscos associados de queda, incapacidade, institucionalização e até óbito. A abordagem da tontura em idosos é desafiadora, pois é frequentemente atribuída a múltiplos problemas, incluindo vertigem, doença cerebrovascular, problemas cervicais, falta de condição física e medicações. A dificuldade visual por catarata e outros problemas é comum em idosos e exacerba a incapacidade da tontura.
Em um estudo de base populacional de 1087 idosos acima de 72 anos, 24% relatou ter um episódio de tontura nos dois meses prévios e essa tontura esteve presente por pelo menos um mês. Sete características estavam associadas à tontura: ansiedade, sintomas depressivos, desequilíbrio, IAM prévio, hipotensão postural, uso de 5 ou mais medicações e déficit auditivo. Apenas 10% dos participantes sem nenhuma dessas características relatou tontura. A prevalência de tontura foi proporcional à quantidade de características apresentadas pelo paciente, variando de 18% para quem tinha apenas uma característica até 68% para aqueles com cinco ou mais. Os autores desse estudo concluíram que boa parte dos idosos deve possuir uma etiologia multifatorial para a tontura. O tratamento nesses indivíduos deve ser direcionado aos problemas mais passíveis de intervenção. O médico assistente deve perguntar sobre quedas e tontura enquanto dirige, o que deve necessitar de intervenção para prevenção de acidentes.

 


Bibliografia Selecionada:

  1. Branch, W.T.; Barton, J. Approach to the patient with dizziness. UpToDate, v. 17.1. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-patient-with-dizziness Acesso em: 24 set 2010.