Em relação à dosagem de etinilestradiol (EE) e tipo de progestagênios que compõem os anticoncepcionais combinados orais (ACO), são classificados em: Primeira geração, 1960 – Formulações com alta dosagem de EE ≥ 50 µg; Segunda geração, 1970 – Média e baixa dosagem de EE, de 20 a30 µg associado com levonorgestrel; Terceira geração, 1990 – EE 15 a20 µg associado com Desogestrel ou Gestodeno; Quarta geração, 2000 – EE 20 a30 µg associado a Drospirenona; Formulações de EE 35 µg associado ao progestagênio antiandrogênico (acetato de ciproterona ou drospirenona). ACO de primeira geração apresenta efeitos adversos intensos (edema nas mamas, cefaleia, aumento do peso, distúrbios vasculares), comparados aos de 2ª geração. O ACO de terceira geração tem efeitos colaterais menores, comparado aos de primeira e segunda gerações. Etinilestradiol induz a alterações significativas no sistema de coagulação, culminando com aumento da geração de trombina, fibrinogênio e redução dos inibidores naturais de coagulação. O risco de trombose venosa (TEV) e trombose arterial (TA) é dependente da dosagem de EE. A alta dosagem de EE (≥50 µg) dos ACO de primeira geração está associada a um aumento de duas vezes no risco de TEV quando comparada à com baixa dosagem desse hormônio (<50µg) dos ACO segunda e terceira geração. A associação entre ACO e tromboses arteriais pode ocorrer principalmente em mulheres já com fatores de risco cardiovasculares (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes e hipercolesterolemia), podendo ser causa de um infarto agudo do miocárdio – IAM. As causas de IAM nas usuárias de ACO são trombóticas e não ateroscleróticas, podendo ser atribuídas aos efeitos pró-trombóticos dos ACO. |
Em relação à distribuição dos hormônios nos diferentes momentos do ciclo de ingestão das pílulas, os ACOs são classificados em: monofásico, bifásico e trifásico. O monofásico apresenta a mesma dosagem de estrógeno e progestagênio em toda as pílulas da cartela. O bifásico e o trifásico podem mudar a quantidade e o tipo de hormônio nos diferentes momentos do ciclo de ingestão das pílulas. A habilidade de controlar a fertilidade utilizando efetivamente a contracepção é um componente essencial da medicina preventiva. O primeiro anticoncepcional esteroidal foi aprovado em 1960 e se tornou popular pela facilidade do seu uso. Desde a sua criação, esse método de contracepção tem aumentado progressivamente a sua acessibilidade e popularidade. Em nível nacional, a porcentagem feminina adepta a algum método anticoncepcional está em torno de 80,6%, sendo 24,7% das mulheres utilizadoras de pílulas orais hormonais. Em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou os Critérios de Elegibilidade Médica (MEC) para uso de métodos anticoncepcionais. Os Critérios definem classificações para julgamento clínico, podendo ser classificados em quatro categorias: OMS 1 (método deve ser usado); OMS 2 (benefício supera o risco); OMS 3 (risco supera o benefício); e OMS 4 (método não deve ser usado em hipótese alguma). Quando os recursos clínicos são limitados será classificado em sim (uso o método) e não (não use o método). Diversas condições e situações clínicas como período pós-parto, amamentação, idade, obesidade, tabagismo, hipertensão, diabetes, dentre outros, devem ser levados em conta para avaliar o melhor método anticoncepcional. Os componentes hormonais das pílulas levam a uma variação do perfil lipídico, com destaque para a redução dos níveis de HDL. Ademais, há elevação de pressão sanguínea em mulheres previamente normotensas, além de alteração à tolerância à glicose e aumento dos marcadores inflamatórios como a proteína C reativa. É, portanto, necessário identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares previamente à prescrição do método contraceptivo. É fundamental que os profissionais de saúde prescrevam esse método contraceptivo de forma individualizada e segura, visando evitar desfechos desfavoráveis e promovam a conscientização acerca da automedicação potencialmente perigosa no uso dos anticoncepcionais hormonais.
A farmacoterapia adequada é elemento essencial para o desenvolvimento da prática clínica. Deste modo, a informação clara sobre as opções, regime posológico e forma correta de uso dos ACO evita possíveis contraindicações, interações medicamentosas, contribuindo de forma efetiva para minimizar riscos da automedicação, gravidez indesejável e reações adversas.
1. Santos TM, Menezes MMC, Fernandes MP, et al. Os anticoncepcionais orais como fator de risco cardiovascular: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde (REAS). 2021;13(9):1-8. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/8592/5314 [Acesso: 29/01/2024]
2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos da Atenção Básica. Saúde das Mulheres. Brasília – DF. 2016:230p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_atencao_basica_saude_mulheres.pdf [Acesso: 29/01/2024]
3. São Paulo. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Manual de Anticoncepção. 2015:143p. Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/494569/ [Acesso: 29/01/2024]
4. World Health Organization (WHO). Medical eligibility criteria for contraceptive use Fifth edition 2015:14p. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/172915/WHO_RHR_15.07_eng.pdf?sequence=1 [Acesso: 29/01/2024]