Como a Síndrome do Estresse Tibial Medial (SETM), comumente chamada de canelite, se apresenta?

| 18 dezembro 2023 | ID: sofs-45543
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:

A Síndrome do Estresse Tibial Medial (SETM) é decorrente das lesões que ocorrem no osso da canela, a tíbia, por isso é popularmente chamada de canelite. Se apresenta, clinicamente, como uma dor intensa na porção interna (medial) da tíbia, podendo estender-se do seu terço médio até próximo ao tornozelo. Ocorre durante ou após exercícios de impacto, principalmente a corrida, e, geralmente, as dores aparecem após mudanças abruptas na atividade física. No diagnóstico por imagem, o exame de RX normalmente não revela qualquer alteração óssea na SETM. O exame mais sensível e específico é a ressonância magnética que demonstra facilmente a lesão periosteal e o edema ósseo, além de diferenciar a síndrome do estresse tibial medial da fratura de estresse da tíbia. As lesões evidenciadas são edema periosteal, edema medular, lesão cortical óssea e fratura cortical.


A SETM é uma das lesões mais comuns em atletas que praticam corrida, acometendo cerca de 13 a 20% dos corredores, e está relacionada à sobrecarga mecânica de repetição. Uma variedade de fatores pode causar dores nas canelas, incluindo treinamento em excesso, calçados inadequados, desequilíbrios musculares no tornozelo, músculo tríceps sural tensos ou fracos, desequilíbrios no complexo toracolombar e índice de massa corporal (IMC) acima de 30.

A sobrecarga mecânica de repetição pode causar um desequilíbrio do metabolismo ósseo, entre a reabsorção e formação óssea ocasionando um aumento das micro lesões ósseas, que não conseguem tempo suficiente para que o organismo se recupere do trauma sofrido durante a atividade física. Outro fator que pode estar envolvido nas lesões por estresse tibial é o aumento da força de tração dos músculos da perna sobre a sua inserção na tíbia, mais especificamente no periósteo (membrana ricamente inervada e vascularizada que reveste o osso). Esse estresse mecânico leva ao descolamento do periósteo onde as fibras musculares estão presas, causando lesão, inflamação e dor.

O descanso e a recuperação devem ser enfatizados como componentes-chave do treinamento esportivo porque as dores nas canelas são causadas por uma sobrecarga mecânica de vários componentes do sistema musculoesquelético da perna que excede a sua capacidade de reconstrução adaptativa.

O tratamento é conservador e baseia-se no repouso com medidas sintomáticas para alívio da dor, como:  gelo local, medicação analgésica, imobilização e retirada do apoio, de acordo com o grau de desconforto do paciente. Sessões de fisioterapia e reeducação postural para a atividade física são úteis para o processo de reabilitação e recondicionamento musculoesquelético. A adequação do exercício à idade, peso e condicionamento físico é fundamental para evitar esse tipo de lesão, associado a um programa equilibrado de treinamento de acordo com a capacidade física, o desempenho e o objetivo do atleta.
O principal objetivo do tratamento é melhorar a condição de treinamento ou preocupação biomecânica decorrente da condição. A distância, a intensidade e a frequência da corrida poderiam ser reduzidas ou reconfiguradas. Evitar caminhar em superfícies irregulares e evitar terrenos acidentados. Atividades de baixo impacto devem ser realizadas durante a fase de reabilitação.

 

Bibliografia Selecionada:

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