Como prevenir a recorrência de erisipela?

| 2 maio 2023 | ID: sofs-45369
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

Em pacientes que apresentam 3 a 4 episódios de erisipela por ano, apesar das tentativas de tratar ou controlar os fatores de risco, se deve considerar a administração de antibióticos profiláticos, fenoximetilpenicilina potássica: apresentação oral 80 000 unidades internacionais/ml, 400 a 800 mil unidades internacionais, por tempo indeterminado; eritromicina: via oral, 250 mg / dia, por 4  a 52 semanas, ou penicilina benzatina intramuscular: 1200 000 unidades internacionais, intramuscular de   4/4 semanas / tempo indeterminado , pois diminui em cerca de 70% o risco de recidiva. Outras medidas como a redução de peso, o tratamento adequado das patologias cardiovasculares que condicionam linfedema crônico, como insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência venosa crônica e a identificação e tratamento adequado de soluções de continuidade na pele constituem as principais medidas preventivas. A correta abordagem terapêutica do intertrigo interdigital de etiologia fúngica, permite evitar cerca de 60% das erisipelas. O tratamento inclui medidas de higiene (secagem das pregas interdigitais, uso de calçado arejado e meias de algodão), tratamento antifúngico tópico ou sistêmico e eliminação dos reservatórios de dermatófitos (tratamento de onicomicose). Nos casos de existência de edema de membros inferiores, o tratamento da doença de base associado a terapia de compressão da perna, mais a educação para as outras medidas de prevenção são eficazes para promover a diminuição da recorrência da erisipela. 

Os sintomas e sinais de erisipela são geralmente de início abrupto e muitas vezes acompanhados de febre, calafrios e tremores. O seu diagnóstico é essencialmente clínico e o quadro típico baseia-se na presença de placa inflamatória associada a febre, linfangite, adenopatia e leucocitose. A pele afetada tem uma borda muito nítida e elevada. É vermelho brilhante, firme e edemaciada. Pode ser finamente ondulada (como uma casca de laranja). Pode apresentar bolhas e, em casos graves, tornar-se necrótica. Os exames bacteriológicos têm baixa sensibilidade ou positividade tardia.

A erisipela afeta predominantemente a pele dos membros inferiores, mas quando envolve a face, pode ter uma característica distribuição em borboleta nas bochechas e na ponte do nariz.  Nas erisipelas da face a infeção pode ter diversas origens, tais como a presença de um abcesso ou furúnculo manipulado ou superposição de infecção bacteriana de lesões herpéticas, eczema, piercings e, nos casos específicos de localização periorbitárias ou orbitária, a existência de ferida traumática, infeção do trato respiratório superior ou, mais raramente, a bacteremia. Deve-se assegurar o rigoroso cumprimento do tratamento, estimando-se que a insuficiente duração da antibioterapia seja responsável pela recidiva em 65% dos casos.

Casos típicos de erisipela sem sinais sistêmicos de infecção devem receber um agente antimicrobiano que seja ativo contra estreptococos. A terapia ambulatorial é recomendada para pacientes que não apresentam Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica, estado mental alterado ou instabilidade hemodinâmica. A flucloxacilina e as cefalosporinas de primeira geração deverão ser a primeira opção terapêutica, já que permitem a cobertura de estreptococos e Staphylococcus aureus meticilino-sensíveis. Geralmente, um curso de sete dias é suficiente para a resolução da infeção. A cobertura empírica de Staphylococcus aureus meticilino-resistentes (MRSA) apenas deve ser considerada nos casos de ferida traumática, e em doentes com antecedentes de infeção por MRSA ou utilizadores de drogas intravenosas injetáveis. A cobertura oral de MRSA é conseguida adicionando cotrimoxazol ou doxiciclina ao beta-lactâmico, ou com a alteração para clindamicina.

 

Esquemas terapêuticos recomendados para casos de erisipela tratados ambulatorialmente:

Erisipela é uma infecção com prognóstico imediato geralmente favorável, fazendo com que a principal preocupação na abordagem resida no efetivo controle e tratamento dos fatores que condicionam a sua elevada taxa de recidivas (prevenção primária).  A maioria dos pacientes que apresentam erisipela têm idade igual ou superior a 50 anos (até 60-70% de todos os casos), mas pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em crianças.

Bibliografia Selecionada:

1. Mamo A, Szeto MD, Sivesind TE, Dellavalle RP. From the Cochrane Library: Interventions for the prevention of recurrent erysipelas and cellulitis. J Am Acad Dermatol. 2022 Nov;87(5):e157-e158. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jaad.2022.06.001  [Acesso em 15/04/2023]

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