Quais indicações e público alvo para o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA) na rotina clínica dos atendimentos da ABS?

| 19 agosto 2022 | ID: sofs-45106
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

Tratamento Restaurador  Atraumático  (TRA) é uma técnica com ampla aceitação por crianças na terapêutica do atendimento, principalmente para pacientes com alguma dificuldade comportamental como pacientes não-colaboradores ou com alguma necessidade especial. De forma diferenciada dos tratamentos invasivos, preconizados por muito tempo, o TRA consiste na remoção do tecido que foi colonizado por agentes patológicos causadores da doença cárie, e na manutenção de tecido com  condições de remineralização, sendo representado pela dentina afetada.

Por não necessitar de equipamentos, é indicada, inclusive, aos pacientes que eventualmente se encontrem acamados, sem possibilidade de locomoção, institucionalizados e crianças em idade escolar. Dentes decíduos vitalizados, desde que tenham acompanhamento, também merecem esse tipo de abordagem terapêutica. O TRA pode, também, ser uma ferramenta útil para reduzir a prevalência de cárie em populações com alta susceptibilidade, até que o agendamento individualizado seja feito. Idosos podem ser beneficiados com o TRA, objetivando maior alcance ao restabelecimento da saúde, nessa população.

De um modo mais pontual, a indicação clínica do TRA, e clássica, é para dentes decíduos. Porém, dentes permanentes também podem receber esse tipo de terapêutica. Outras características se relacionam às indicações desse tipo de tratamento: restaurações de classes I e II, pacientes com alto índice de cárie, quando da ausência de instrumentais que possibilitem outra abordagem, para condicionamento de pacientes infantis, especiais e idosos. Salienta-se que a indicação do TRA deva ser criteriosa, já que não atende a qualquer tipo de cavidade. Restaurações compostas devem ter sua indicação cautelosa, embora o TRA, nesses casos, não se configure como inviável. A situação ideal é que a profundidade da cavidade esteja bastante aquém da polpa e não haja sintomatologia clínica, mas existem relatos de êxito em casos específicos de pulpite com reversibilidade duvidosa e restaurações profundas.


O TRA é uma estratégia voltada à população, cujo acesso aos serviços de saúde considerados tradicionais é restrito, visando cuidar apropriadamente das lesões de cárie. Preconiza a remoção de tecido cariado e amolecido por meio de instrumentos manuais, sem anestesia e com selamento com materiais adesivos, tal como o cimento de ionômero de vidro.

Bibliografia Selecionada:

1.  Saber  AM,  El-Housseiny AA,  Alamoudi  NM.  Atraumatic Restorative  Treatment  And  Interim  Therapeutic  Restoration:  A  Review  Of  The  Literature. Dent J (Basel). 2019;7(1):28. Disponível em: https://www.mdpi.com/2304-6767/7/1/28

2. Asakawa L, Franzin  LCS.   Tratamento Restaurador Atraumático (ART): uma visão contemporânea. Uningá Review, 2017;29(1):159-162. Disponível em: https://revista.uninga.br/uningareviews/article/view/1915/1512

3. Silva HPGP, Azevedo TDPL, Gomide MBB.  A  utilização  do  tratamento  restaurador  atraumático modificado na clínica de odontopediatria. Robrac.  2017;26(79):67-72. Disponível em: https://www.robrac.org.br/seer/index.php/ROBRAC/article/view/1066/945

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5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal.  Brasília – DF. 2004:16p. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/diretrizes_da_politica_nacional_de_saude_bucal.pdf

6. Kuhnen M, Buratto G, Silva MP. Uso do tratamento restaurador atraumático na Estratégia Saúde da Família. Rev Odontol UNESP 2013;42(4):291-297. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rounesp/a/Pfc9L7C3Jm4hb5hJwcpjDpd/?lang=pt#

7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde Bucal: (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 17). Brasília-DF. 2008:92p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf