As vacinas recomendas a todas as gestantes são(1-3):
A vacina dTpa é suficiente para proteção contra o tétano neonatal e difteria em gestantes com história prévia de vacinação de dupla toxóide tetânico e difteria (dT) completa (3 doses) ou que tenham recebido duas doses de dT previamente. Em casos de vacinação incompleta, com apenas uma dose de dT, recomenda-se uma dose de dT após o primeiro trimestre e uma dose de dTpa após 20 semanas. Nos casos de vacinação não realizada ou desconhecida, recomenda-se duas doses de dT (a primeira no início da gestação e a segunda após 4 semanas) e a terceira dose com a dTpa(1,2).
O esquema de vacina de hepatite B é composto por três doses (0-1-6 meses). Na gestação, pode ser iniciada a partir do primeiro trimestre, podendo-se estender até após o parto. Nos casos de vacinação prévia completa, não há necessidade de reforço vacinal e, nos casos de vacinação incompleta, recomenda-se completar as doses faltantes(1,2).
Na gestação, a vacina influenza é obrigatória pelo alto risco de complicações para a gestante e proteção passiva para o recém-nascido, uma vez que ele só receberá a vacina a partir dos 6 meses de idade. As gestantes devem ser vacinadas em qualquer fase da gestação para a proteção materna e a fetal. A vacina é bem tolerada, altamente imunogênica, muito eficaz, com baixo percentual de efeitos colaterais e seguras para uso tanto em gestantes como puérperas(1,2).
Com o objetivo de controlar os casos de coqueluche nos primeiros meses de vida, estabeleceu-se a vacinação com dTpa (tríplice bacteriana acelular do adulto) em cada gestação, independente da atualização do estado vacinal contra tétano e independe de vacinação prévia, visando a transferência de anticorpos para o feto. Deve ser administrada a partir de 20 semanas de idade gestacional. Trata-se de uma vacina inativada, sem riscos teóricos para a gestante e para o feto(1,2).
A hepatite B é cem vezes mais contagiosa que a AIDS e para bebês e crianças, as duas principais formas de infecção são a transmissão através de mães infectadas (vertical) ou através do convívio domiciliar com pessoas infectadas (horizontal). A vacinação durante a gestação promove passagem transplacentária de anticorpos maternos contra o vírus da hepatite B, protegendo o neonato de uma possível transmissão horizontal até que sua imunização após nascimento ocorra de forma completa(1,2).
Devido às alterações imunológicas que ocorrem durante a gravidez, a mulher enfrenta respostas insatisfatórias a algumas infecções virais, como é o caso da influenza, que requer vigorosa imunidade celular para suprimir a replicação viral, evitando morbidades e mortalidades(1,2).
Algumas vacinas são recomendadas em situações especiais, que são todas inativadas, portanto sem risco teórico para a gestante e o feto(3):
Vacina contra hepatite A: duas doses, no esquema 0 – 6 meses. A vacina deve ser considerada, uma vez os riscos de exposição a hepatite A é frequente no Brasil.
Vacina Pneumocócicas: esquema sequencial de VPC13 e VPP23 pode ser feito em gestantes de risco para doença pneumocócica invasiva (DPI).
Vacina Meningocócicas conjugadas ACWY/C: uma dose. Considerar seu uso avaliando a situação epidemiológica e/ou a presença de comorbidades consideradas de risco para a doença meningocócica. Na indisponibilidade da vacina meningocócica conjugada ACWY, substituir pela vacina meningocócica C conjugada.
Vacina Meningocócica B: duas doses com intervalo de um a dois meses. Considerar seu uso avaliando a situação epidemiológica e/ou a presença de comorbidades consideradas de risco para a doença meningocócica.
Febre amarela: Normalmente contraindicada em gestantes. Porém, em situações em que o risco da infecção supera os riscos potenciais da vacinação, pode ser feita durante a gravidez. Dose única. Não há consenso sobre a duração da proteção conferida pela vacina. De acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose pode ser considerada pela possibilidade de falha vacinal. Gestantes que viajam para países que exigem o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP) devem ser isentas da vacinação pelo médico assistente, se não houver risco de contrair a infecção. É contraindicada em lactantes até que o bebê complete 6 meses; se a vacinação não puder ser evitada, suspender o aleitamento materno por dez dias.
1. Havers FP, Moro PL, Hunter P, Hariri S, Bernstein H. Use of Tetanus Toxoid, Reduced Diphtheria Toxoid, and Acellular Pertussis Vaccines: Updated Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices — United States, 2019. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020;69(3):77–83. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/69/wr/pdfs/mm6903a5-H.pdf
2. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Série Orientações e Recomendações FEBRASGO, Programa Vacinal para Mulheres. no.1 /Comissão Nacional Especializada de Vacinas. [acesso em 15 jan 2022]. São Paulo, 2021:206p. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/SeyrieZ-ZProgramaZVacinalZdasZMulheresZ-Z2021Z-Zweb.pdf
3. Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) [internet]. Calendário de Vacinação SBIM – Gestante 2021/2022. [acesso em 15 jan 2022]. Disponível em: https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde [internet]. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Plano nacional de operacionalização da vacinação contra a COVID-19. 6ª ed, versão 3. Brasília-DF. [acesso em 15 jan 2022]. 2021:102p. Disponível em: https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2021/04/PLANONACIONALDEVACINACAOCOVID19_ED06_V3_28.04.pdf