O laser de baixa potência seria terapêutico para lesões causadas por acidentes ofídicos do gênero Bothrops?

Ainda não há evidências científicas em humanos, entretanto, em caráter experimental e de pesquisa, a laserterapia tem sido usada em lesões necróticas incapacitantes secundárias à picada por serpente na região amazônica, devido seu importante impacto em saúde pública pela retirada precoce do trabalhador na geração de renda. Assim, os benefícios da laserterapia de baixa intensidade na reparação tecidual e diminuição de sintomas álgicos, ainda necessitam investigação dos efeitos desta modalidade terapêutica em lesões por acidentes ofídicos.

O veneno das espécies pertencentes ao gênero Bothrops tem efeito predominantemente proteolítico, coagulante, hemorrágico, inflamatório, edematogênico e miotóxico|⁽¹⁾. Os sinais clínicos exibidos pelo envenenamento botrópico são decorrentes dos diversos componentes que foram isolados dessas secreções, tais como o fator hemorrágico como as proteases que atuam em etapas da coagulação sanguínea causando distúrbios de coagulação, enzimas proteolíticas e as miotoxinas⁽²⁾. Dentre as principais proteínas enzimáticas com atividade miotóxica encontradas nos venenos ofídicos, estão enzimas proteolíticas e as fosfolipases^(1,3).

No envenenamento por estas espécies, obrigatoriamente, a vítima terá efeitos locais evidentes, variando sua intensidade, sendo representados por dor e edema que se instala precocemente e evolui progressivamente. Podem também aparecer equimoses, sangramentos, enfartamento ganglionar, bolhas e necrose, sendo possível ter como sequelas a perda funcional ou mesmo anatômica do membro acometido⁽⁴⁾.

Dentre as reações locais, a necrose celular pode resultar na perda da função do tecido do membro afetado⁽⁵⁾. Assim, a mionecrose causada por venenos botrópicos pode ter ação indireta em consequência da degradação do sangue, vasos e isquemia⁽⁶⁾. Vários estudos do tratamento com laser de baixa intensidade em diversas áreas da saúde, vem mostrando sua eficácia anti-inflamatória e regenerativa e alguns estudos específicos in vivo trazem positividade no uso específico no envenenamento ofídico.

Um desses experimentos com a laserterapia aplicada em envenenamento de camundongos mostrou melhora significativa nas dosagens de mioglobina no grupo irradiado com laser de AsGa a partir de 12h até 7 dias. O tratamento com laser foi capaz de diminuir os efeitos locais não só nos períodos relativos à fase degenerativa, mas principalmente mostrou benefício para a aceleração da fase de regeneração, sugerindo eficácia no tratamento com laserterapia de baixa intensidade⁽⁷⁾.