Para o tratamento da estomatite protética, além do uso local e/ou sistêmico de antifúngicos faz-se necessário a implementação de hábitos de higiene pelo paciente e muitas vezes a substituição das próteses(1). A conduta terapêutica a ser aplicada ao tratamento da estomatite protética vai depender do estado em que se encontra a mucosa oral, conforme for diagnosticado no exame clínico(2,3).
Para o tratamento local da candidíase são recomendados os antifúngicos poliênicos nistatina e Anfotericina B. A nistatina (100.000 UI/mL) é o antifúngico tópico mais indicado devido sua eficácia, menor custo e menos efeito colateral, deve ser utilizado durante duas semanas, 4 vezes ao dia, aplicando-a na base da prótese e na lesão bucal, deixando o antifúngico agindo no local afetado. Bochecho com clorexidina a 0,2% se faz necessário para a higienização da cavidade oral, durante o tratamento com a nistatina. Caso a infecção persista, deve ser administrada medicação sistêmica como Fluconazol (comprimido oral 150 mg) 01 vez por semana, de 2 a 4 semanas ou Cetoconazol (comprimido oral 200-400mg) 01 vez ao dia, de 7 a 14 dias(2,3).
Além da conduta terapêutica, o paciente deve ser orientado quanto a correta higienização e à remoção das próteses antes de dormir, a fim de se promover relaxamento e descanso dos tecidos(4,5).
A superfície da prótese dentária se constitui em um sítio favorável para a colonização das leveduras, devido às porosidades da resina acrílica. A superfície palatal das dentaduras colonizadas por leveduras e outros microrganismos atua como um reservatório de infecção(6,7). Comumente os pacientes acometidos por estomatite protética admitem utilizar as dentaduras de modo contínuo, removendo-as de vez em quando(8).
É importante enfatizar que a prótese deve ser removida diariamente por no mínimo 8 horas, a fim de viabilizar o descanso e o relaxamento da mucosa de suporte, além de evitar compressões desnecessárias. Após a remoção, a prótese deve ser corretamente higienizada e armazenada, imersa em água, para prevenir a proliferação de microrganismos e mudanças dimensionais pela desidratação do acrílico(3-5).
As próteses dentárias removíveis têm um período de vida útil de até 5 anos, depois desse tempo a função e estética estarão comprometidas e devem ser substituídas. A sua utilização prolongada pode ocasionar danos ao rebordo alveolar e aos tecidos de suporte(9).
As próteses dentárias podem contribuir para o início de determinadas patologias bucais, isso depende dos cuidados quanto à confecção pelo laboratório de prótese e do planejamento e instalação das mesmas pelos dentistas(4). Os hábitos de higiene bucal e limpeza de próteses pelos pacientes também estão estritamente relacionados à presença de leveduras e estomatite protética(10).
1. Pires FR, Santos EB, Bonan PR, De Almeida OP, Lopes MA. Denture stomatitis and salivary Candida in Brazilian edentulous patients. J Oral Rehabil. 2002 Nov;29(11):1115-9. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1365-2842.2002.00947.x
2. Peixoto JV, Rocha MG, Nascimento RTL, Moreira VV, Kashiwabara TGB. Candidíase-uma revisão de literatura. Braz J Cardiovasc Surg 2014;8(2):75-82. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20141001_074435.pdf
3. Rosa C, Curi V, Rosa A, Gargioni Filho AC, Bianchi CMPC, Deps TD, Crepaldi MV, Crepaldi MLS, Crepaldi MG. Candidíase bucal: aspecto clínico e tratamento. Revista FAIPE. 2021;11(1):155-163. Disponível em: https://revistafaipe.com.br/index.php/RFAIPE/article/view/239
4. Goiato MC, Casteleoni L, Santos DM, Gennari Filho H, Assunção WG. Lesões orais provocadas pelo uso de próteses removíveis. Pesq Bras Odontopediatria Clin Integr. 2005;5(1):85-90. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-427948
5. Saha A, Dutta S, Varghese RK, Kharsan V, Agrawal A. A survey assessing modes of maintaining denture hygiene among elderly patients. J Int Soc Prev Community Dent. 2014 Set;4(3):145-8. Disponível em: https://www.jispcd.org/article.asp?issn=2231-0762;year=2014;volume=4;issue=3;spage=145;epage=148;aulast=Saha
6. Silva CHL, Paranhos HFO, Ito IY. Evidenciadores de biofilme em prótese total: avaliação clínica e antimicrobiana. Pesq Odontol. Bras. São Paulo. 2002;16(3):270-275. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pob/a/tGQMhBHQzkzpsYPmFQ5NvTk/?format=pdf&lang=pt
7. Gasparetto A, Negri MFN, Paula CR, Svidzinski E. Produção de biofilme por leveduras isoladas de cavidade bucal de usuários de prótese dentária. Acta Sci. Health Sci. 2005;27(1):37-40. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/view/1437/804
8. Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE. Patologia oral e maxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004:798p.
9. Nóbrega DRM, Medeiros LADM, Farias TSS, Meira KRS, Mahon SMOD. Avaliação da utilização e hábitos de higiene em usuários de prótese dentária removível. Rev. Bras. Odontol. 2016;73(3):193-7. Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rbo/v73n3/a04v73n3.pdf
10. Kulak-Ozkan Y, Kazazoglu E, Arikan A. Oral hygiene habits, denture cleanliness, presence of yeasts and stomatitis in elderly people. J Oral Rehabil. 2002 Mar;29(3):300-4. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1046/j.1365-2842.2002.00816.x