O dentista deve radiografar para observar o grau de desenvolvimento radicular do elemento dentário permanente não erupcionado e se há algum fator que esteja interferindo na erupção do mesmo, como a presença de supranumerário ou odontoma. Se o sucessor permanente estiver com no mínimo dois terços de formação radicular (estágio 8 de Nolla), sem nenhum fator mecânico que o impeça de aparecer em boca, e diante de um quadro sintomático (febre, dor e dificuldade de alimentação) associado a um atraso de erupção, deve-se realizar, sob anestesia local, um procedimento cirúrgico simples, denominado de ulectomia, que consiste numa incisão circunferencial realizada com lâmina de bisturi nº 11 ou 15, seguida da remoção do capuz mucoso, normalmente fibroso, que recobre a coroa do dente não erupcionado. A prescrição de antitérmicos também está indicada(1,2). Deve-se proceder o acompanhamento clínico e radiográfico após 7-14 dias, onde se espera que a erupção já tenha se iniciado.
O cisto/hematoma de erupção é um cisto odontogênico do desenvolvimento em tecidos moles que ocorre como consequência da separação entre o folículo dentário e a coroa do dente em erupção. Comum nos incisivos centrais decíduos superiores e primeiros molares decíduos e permanentes.
Manifesta-se como um inchaço na mucosa gengival que recobre a coroa de um dente em erupção, de cor semelhante à da mucosa ou de cor azulada/arroxeada devido ao sangramento no espaço folicular induzido por trauma, como o mastigatório no local. Único ou bilateral, com consistência macia ou flutuante à palpação e dimensão de até 1,5 cm. A maioria desaparece espontaneamente com a erupção do dente na cavidade oral; entretanto, se houver algum sintoma pronunciado ou atraso na erupção, há a necessidade da realização da ulotomia ou da ulectomia(2,3).
1. Scarparo A. Odontopediatria: Bases Teóricas para uma Prática Clínica de Excelência. Barueri: Manole; 2021.
2. Bettega PVC, Navarro LB, Bendo CB, Paiva SM, Cruz PV,Martins CC, Serra-Negra JM, Johann ACBR. Oral lesions of higher clinical frequency in children-literature review. Rev. Fac. Odontol. Porto Alegre. Rev Faculd Odontol 2019;60(2):1-17. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/RevistadaFaculdadeOdontologia/article/view/90274/55762
3. Golikeri SS, Grenfell J, Kim D, Pae C. Pediatric Oral Diseases. Dent Clin N Am. 2020;64(1):229-40. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31735228/