Há moderada certeza de que inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (duloxetina), diminuam dor e incapacidade causadas por lombalgia ou osteoartrose, ao menos durante os três primeiros meses de seguimento, mas a diminuição não é clinicamente relevante no caso da dor lombar, e provavelmente também não para osteoartrose. Dois terços (62,5%) das pessoas que usaram inibidores recaptação serotonina e noradrenalina para essas dores tiveram algum evento adverso, em comparação a apenas metade das pessoas no grupo de controle (aumentando em 23% o risco; intervalo de confiança, 16% a 30%).
Há moderada certeza de que antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina, imipramina, desipramina, doxepina) sejam ineficazes para o tratamento da dor lombar. Inibidores de recaptação de noradrenalina e dopamina (bupropiona), antagonistas e inibidores de recaptação de serotonina (trazodona), e antidepressivos tetracíclicos (maprotilina) parecem não ter eficácia, mas houve pouca ou muito pouca certeza na evidência disponível.
Há pouca ou muito pouca certeza na evidência sobre inibidores recaptação serotonina e noradrenalina (duloxetina) e antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina) no alívio da dor ou incapacidade por ciática . Além disso, nenhum outro antidepressivo além de inibidores recaptação serotonina e noradrenalina (duloxetina, milnaciprano) foram testados para osteoartrose. Não foi possível avaliar a segurança de outros medicamentos além dos inibidores recaptação serotonina e noradrenalina, devido ao tamanho dos estudos encontrados.
Não está claro se aumentar a dose aumenta a eficácia. A concomitância de transtorno depressivo não parece modificar a eficácia dos antidepressivos contra dor e incapacidade.
Melhor termo para o Brasil?
Esta foi uma revisão sistemática incluindo 33 ensaios clínicos, com 3 318 participantes. A inclusão dos ensaios clínicos não considerou nenhum tempo máximo ou mínimo de início dos sintomas. Dor lombar baixa e cervicalgia foram agrupadas como dor lombar. Os únicos estudos sobre osteoartrose foram sobre osteoartrose de joelho; nenhum de quadril. Como a eficácia clínica foi medida de variadas formas, os autores converteram o efeito para uma escala de 0 (nenhuma dor) a 100 (maior dor possível) e consideraram 10 pontos como a menor diferença clinicamente relevante.
Ferreira GE, McLachlan AJ, Lin CC, Zadro JR, Abdel-Shaheed C, O’Keeffe M et al. Efficacy and safety of antidepressants for the treatment of back pain and osteoarthritis: systematic review and meta-analysis BMJ 2021; 372:m4825. Disoinível em: https://doi.org/10.1136/bmj.m4825
As dores musculoesqueléticas são muito prevalentes, tanto na população quanto na atenção primária, e trazem sofrimento considerável. Diretrizes clínicas frequentemente recomendam antidepressivos em degraus intermediários da escada da dor, mas esta revisão mostrou que a indicação não está tão clara assim. Talvez duloxetina e outros inibidores recaptação serotonina e noradrenalina tenham um efeito clinicamente relevante na osteoartrose e/ou na ciática, bem amitriptilina, nortriptilina e outros antidepressivos tricíclicos para ciática; mas a evidência ainda é de baixa certeza.