O início do tratamento anti-hipertensivo quando a pressão arterial sistólica (PAS) for superior a 140 mm Hg tende a adiar a morte (com significância estatística limítrofe) e evita grandes eventos cardiovasculares em algumas pessoas sem doença cardíaca pré-existente; em pacientes com doença cardíaca existente, evita outros eventos, mas não prolonga a vida.
Esses resultados podem parecer conflitantes com os do estudo SPRINT, que encontrou benefício em reduzir a PAS para menos de 120 mm Hg. No entanto, os pesquisadores do SPRINT mediram a pressão sanguínea usando dispositivos automatizados que fornecem leituras 10 mm Hg a 20 mm Hg mais baixas do que as medições típicas do consultório. Portanto, é provável que a meta de menos de 120 mm Hg no estudo SPRINT seja muito semelhante à meta de menos de 140 mm Hg neste estudo.
Os pesquisadores identificaram 74 estudos com 306.273 pacientes (60,1% homens, idade média 63,6 anos), com mais de dois terços dos estudos com um baixo risco de viés. Em pacientes sem cardiopatia preexistente (prevenção primária), a redução da PAS inicialmente superior a 140 mm Hg diminuiu o risco de morte (com significância estatística limítrofe: risco relativo [RR] = 0,93, IC 95% -,88 a 1,0 se PAS > 160 mm Hg; RR = 0,87, 0,75 a 1,00 se PAS 140 – 159 mm Hg) e eventos cardiovasculares maiores (RR = 0,78, 0,7 a 0,87 se > 160 mm Hg; RR = 0,88, 0,8 – 0.96 se 140 – 159 mm Hg). O tratamento da PAS inicialmente inferior a 140 mm Hg não afetou a morbimortalidade. Em pacientes com doença cardíaca coronária prévia e PAS média de 138 mm Hg, o tratamento reduziu o risco de outros eventos cardiovasculares maiores (RR = 0,9; 0,84 a 0,97), mas não prolongou a vida.
Brunstrom M, Carlberg B. Association of blood pressure lowering with mortality and cardiovascular disease across blood pressure levels. A systematic review and meta-analysis. JAMA Intern Med 2018;178(1):28-36. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/fullarticle/2663255
Houve um alto grau de heterogeneidade entre esses resultados do estudo, reduzindo a confiança nos resultados. Houve alguma evidência de viés de publicação nos estudos que avaliaram o efeito nos principais eventos cardiovasculares, o que significa que os estudos que não mostraram diferença nos resultados não foram publicados. Para mortalidade, o intervalo de confiança incluiu o valor 1, não definindo significância estatística.