BVS Atenção Primária em Saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde
O Evacetrapib aumenta muito os níveis da lipoproteína de alta densidade (HDL) e reduz a lipoproteína de baixa densidade (LDL), mas não reduz o risco de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco.
Ensaio clínico randomizou 12.092 adultos com síndrome coronariana aguda recente (entre 30 e 365 dias), doença vascular periférica, doença cerebrovascular ou doença arterial coronariana com diabetes para receber evacetrapib 130mg ao dia, ou placebo. Os grupos foram equilibrados, a análise foi por intenção por tratar e os desfechos cegados. Esse era um grupo de extremo risco, com aproximadamente um terço apresentando um episódio de síndrome coronariana aguda no ano anterior à inclusão no estudo. Todos os pacientes receberam outras terapias padrão para suas condições, incluindo estatinas, exceto se contraindicadas, e seus níveis basais de HDL e LDL colesterol foram de 45 e 81mg/dL, respectivamente. Após 26 meses o estudo foi encerrado por futilidade. 12,9% dos pacientes do grupo tratamento e 12,8% no controle, com Risco Relativo de 1,01, Intervalo de Confiança de 95% de 0,91 a 1,11, p=0,91. Embora a droga certamente melhora os números, mais que dobrando o valor de HDL médio e reduzindo LDL em aproximadamente 30%, não houve diferenças significativas em quaisquer dos desfechos orientados aos pacientes, incluindo morte cardiovascular e eventos não fatais. Uma das possíveis explicações para esse não efeito foi o aumento da pressão arterial nos grupos.
Lincoff AM, Nicholls SJ, Riesmeyer JS, et al, for the ACCELERATE Investigators. Evacetrapib and cardiovascular outcomes in high-risk vascular disease. N Engl J Med 2017;376(20):1933-1942. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa1609581?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200www.ncbi.nlm.nih.gov
Como se sabe através de estudos da niacina, o HDL é um grande fator de proteção, mas um alvo terrível para tratamento. Estudos prévios sobre os inibidores da proteína de transferência de colesteriléster (classe de medicamento que reduz significativamente o HDL) não mostraram melhora (e, em alguns casos, até piorou) nos eventos cardiovasculares. O evacetrapib é a droga mais potente dessa classe.