Os transtornos depressivos representam a segunda causa de consulta médica na atenção primária à saúde e estão associados a um aumento de outras comorbidades, dos custos com saúde e dos índices de mortalidade precoce. Por esse motivo, atuar em medidas de educação, promoção e prevenção em saúde ao nível da atenção primária são essenciais para se reduzir a incidência de depressão. Um dos fatores de risco potencialmente modificáveis para depressão é a baixa prática de atividade física.
Não há alternativas farmacoterapêuticas válidas especificamente para prevenir depressão. Uma Revisão Sistemática com metanálise de 49 estudos de coorte, todos com ao menos um ano de acompanhamento, avaliou a relação prospectiva entre atividade física e depressão. Considerou-se como altos níveis de atividade física a prática de pelo menos 150 minutos por semana de atividades de moderada intensidade, como caminhada rápida. Comparado com pessoas com baixos níveis de atividade física, aqueles com altos níveis tiveram menor chance de desenvolver depressão (odds ratio ajustado = 0,83, IC95% = 0,79-0,88; p<0,001), tanto jovens (odds ratio ajustado = 0,90, IC95% = 0,83-0,98), como adultos (odds ratio ajustado = 0,78, IC95% = 0,70-+0,87) e idosos (odds ratio ajustado = 0,79, IC95% = 0,72-0,86). Vários potenciais fatores de confusão (incluindo idade, sexo, índice de massa corporal, tabagismo e sintomas depressivos iniciais/sublimiares) foram considerados e não alteraram significativamente os resultados.
Schuch FB, Vancampfort D, Firth J, et al. Physical activity and incident depression: a meta-analysis of prospective cohort studies. Am J Psychiatry 2018;175(7):631-648. Disponível em: https://ajp.psychiatryonline.org/doi/10.1176/appi.ajp.2018.17111194?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
A prática de altos níveis de atividade física pode conferir proteção contra o surgimento de depressão e deve ser estimulada em todos os pacientes, dado seus inúmeros benefícios para a saúde e bem-estar do indivíduo.