Estudo ASPREE: A aspirina não reduz o conjunto: morte, incapacidade e demência em pacientes idosos; aumenta o risco de sangramento

| 31 maio 2021 | ID: poems-43880

Área Temática:

Questão Clinica:

A aspirina melhora a sobrevida livre de incapacidades em pessoas idosas saudáveis?
Resposta Baseada em Evidência:

AAS não oferece um benefício em termos de mortalidade, prevenção de demência ou incapacidade, em pacientes idosos (predominantemente brancos).

Alertas:

Recrutou-se um grupo predominantemente branco de pacientes idosos de Australia e Estados Unidos.

Durante o período de run-in, houve perda de 4.049 (21,2%) pacientes dos quais  61% por falha de adesão.

Contexto:

Nesta faixa etária, do idoso, os fatores de risco como hiperlipidemia e hipertensão são mais propensos a serem abordados e tratados. O AAS permanece seriamente questionado como estratégia de prevenção primária, dada a questionável eficácia (poucos eventos evitáveis, grande NNT) e pelo número significativo de eventos colaterais graves (tais como grandes sangramentos).

Referencia

McNeil JJ, Woods RL, Nelson MR, et al, for the ASPREE Investigator Group. Effect of aspirin on disability-free survival in the healthy elderly. N Engl J Med 2018;379(16):1499-1508. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1800722

Comentários:

Estes são os resultados da comparação entre 100 mg de AAS com revestimento entérico ou placebo na Redução de Eventos no Idoso (ASPREE), um ensaio controlado randomizado (duplo-cego), financiado pelo governo, de base populacional-comunitária, no qual foram randomizados 19.114 pessoas com ao menos 70 anos (65 anos se negros ou hispânicos nos Estados Unidos), livres de comorbidades limitantes da expectativa de vida em 5 anos, de doença cardiovascular ou cerebrovascular, de demência, com alto risco de sangramento ou alguma contraindicação à aspirina.

O estudo incluiu um período de introdução a um placebo de um mês para garantir pelo menos 80% de adesão à medicação do estudo, no qual 4.049 pacientes foram excluídos, sendo 61% por falha de adesão. Os pacientes incluídos foram contatados a cada três meses para incentivar ainda mais a adesão e para coletar dados intermediários.

A mediana de idade foi de 74 anos, 56% mulheres e 8,7% não brancos. A maioria dos pacientes foi recrutada na Austrália (87%), 74% hipertensos, 65% dislipidêmicos e 11% diabéticos. Os participantes foram acompanhados por uma média de 4,8 anos e apenas 2,2% desistiram ou perderam o acompanhamento. O desfecho primário foi um composto de morte, demência ou incapacidade física, que ocorreu em 921 pessoas que receberam aspirina e 914 que receberam placebo (odds ratio[OR]=1,10; IC95%=0,92 a 1,11).

A mortalidade por todas as causas foi ligeiramente maior no grupo AAS (12,7 versus 11,1 eventos/1.000 pessoas-ano; Hazard Ratio [HR]=1,14; IC95%=1,01 a 1,29; número necessário para dano [NNH] = 625 por ano). Episódios hemorrágicos graves foram mais comuns no grupo AAS (8,6 vs 6,2 eventos /1.000 pessoas-ano; OR=1,38; IC95%=1,18 a 1,62; NNHG= 417 por ano).

Data de acesso:

Endereço:

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1800722

Número, Data e Autoria:

Leonardo C M Savassi, junho 2019