Evidências de qualidade moderada apoiaram a recomendação de ioga como uma intervenção de suporte para melhorar a qualidade de vida relacionada à saúde e reduzir a fadiga e distúrbios do sono quando comparados com nenhuma terapia, bem como para reduzir depressão, ansiedade e fadiga, quando comparado com intervenções psicossociais/educacionais.
Evidências de qualidade muito baixa sugerem que a ioga pode ser tão eficaz quanto outras intervenções baseadas em exercícios físicos, e que ela pode ser usada como alternativa a outros programas de exercícios.
Não foram relatados eventos adversos graves.
A evidência relatada é referente a mulheres com câncer de mama não metastático, que recebem tratamento ativo (quimioterapia ou radioterapia) ou que completaram o tratamento há menos de 5 anos. Nenhuma conclusão pode ser alcançada em relação a mulheres com diagnostico de câncer de mama metastático ou sobreviventes de câncer em longo prazo (mais de 5 anos).
O câncer de mama é o câncer mais frequentemente diagnosticado em mulheres em todo o mundo. Embora as taxas de sobrevivência estejam aumentando continuamente, provavelmente em parte devido ao sobrediagnóstico, o câncer de mama está frequentemente associado a sofrimento psicológico, dor crônica, fadiga e qualidade de vida prejudicada em longo prazo.
A yoga inclui conselhos para um estilo de vida ético, prática espiritual, atividade física, exercícios respiratórios e meditação. É uma terapia complementar que é comumente recomendada para sofrimentos relacionados ao câncer de mama e tem demonstrado melhorar a saúde física e mental em pessoas com diferentes tipos de câncer.
Cramer H, Lauche R, Klose P, Lange S, Langhorst J, Dobos GJ. Yoga for improving health-related quality of life, mental health and cancer-related symptoms in women diagnosed with breast cancer. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Issue 1. Art. No.: CD010802. DOI: 10.1002/14651858.CD010802.pub2. Disponível em https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD010802.pub2/full
De 24 estudos desta revisão sistemática, 23 forneceram dados para meta-análise, totalizando 2166 participantes submetidos a intervenções complexas de yoga, que incorporaram controle da respiração e / ou meditação, além das posturas físicas. A duração dos programas variou de duas semanas a seis meses (média de oito semanas), com frequência variável de uma a dez (mediana: duas) sessões semanais de yoga de 20 a 120 (mediana: 67,5) minutos de duração.
De 17 estudos, comparada a nenhuma intervenção, a yoga não reduziu a curto prazo depressão (DMP= -0,13, IC95%= -0,31 a 0,05; evidências de baixa qualidade) ou ansiedade (DMP= -0,53, IC 95% -1,10 a 0,04; evidências de muito baixa qualidade), nem teve efeito de médio prazo na qualidade de vida relacionada à saúde (DMP= 0,10, IC95%= -0,23 a 0,42; evidência de baixa qualidade) ou fadiga (DMP -0,04, IC 95%= -0,36 a 0,29; evidência de baixa qualidade). Entretanto, há evidências de qualidade moderada para: (1) Melhor qualidade de vida relacionada à saúde (DMP= 0,22; IC95%= 0,04 a 0,40; 10 estudos, 675 participantes); (2) Redução da fadiga (DMP= -0,48 IC95%= -0,75 a -0,20; 11 estudos, 883 participantes); (3) Redução dos distúrbios do sono em curto prazo (SMD= -0,25, IC95%= -0,40 a -0,09; seis estudos, 657 participantes).
Comparada com intervenções psicossociais/educacionais, em 4 estudos a yoga teve evidências de muito baixa qualidade que não mostraram efeitos de curto prazo na qualidade de vida relacionada à saúde (DMP= 0,81, IC95%= -0,50 a 2,12; dois estudos, 153 participantes) ou distúrbios do sono (DMP= -0,21, IC95%= – 0,76 a 0,34, dois estudos, 119 participantes), mas teve evidências de qualidade moderada de: (1) Redução da depressão (DMP= -2,29, IC95%= -3,97 a -0,61; quatro estudos, 226 participantes); (2) Redução da ansiedade (DMP= -2,21, IC95%= -3,90 a -0,52, três estudos, 195 participantes) e fadiga (DMP= -0,90, IC95%= -1,31 a -0,50; dois estudos, 106 participantes) no curto prazo.
Três estudos que compararam yoga versus exercício apresentaram evidências de qualidade muito baixa, sem efeito de curto prazo na qualidade de vida relacionada à saúde (DMP= -0,04, 95% IC -0,30 a 0,23; três estudos, 233 participantes) ou fadiga (DMP= -0,21, IC 95% – 0,66 a 0,25; três estudos, 233 participantes).
Os investigadores não relataram eventos adversos graves nos estudos.