O acompanhamento regular do paciente adulto, a orientação quanto aos sintomas e medicações e plano escrito para auto-manejo baseado nos sintomas (ou em medidas domiciliares do pico de fluxo expiratório), quando em conjunto, reduzem o número de internações e o número de atendimentos na emergência1.
Diversos consensos trazem a educação sobre a asma como parte fundamental do seu manejo. Esta recomendação encontra-se respaldada no melhor nível de evidência científica, como visto nas diferentes análises sistemáticas disponíveis sobre o assunto. Estes mesmo estudos indicam que, entre adultos, os benefícios clínicos só se mantêm quando associarmos os diferentes enfoques do acompanhamento educativo.
O impacto deste tipo de intervenção pode ainda ser maior quando contextualizado em ambiente com menor suporte social e educacional, como no Brasil. Estratégias já conhecidas e disponíveis podem ser usadas na educação sobre a doença e seu tratamento: grupos educativos, ação dos agentes de saúde, orientação em sala de espera.
Utilizar, no bojo de uma estratégia educativa mais ampla, formulários impressos com padrões de “plano de ação” que contenham medicação em uso regular, medicação de resgate (beta-agonistas inalatórios, prednisona oral) e orientação de quando procurar atendimento na unidade ou em serviço de emergência são ações que trarão benefícios clínicos aos pacientes e menor número de consultas não-programadas. Embora não tenhamos ainda amplamente disponível a avaliação domiciliar com medidores do pico de fluxo pelo próprio paciente na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, o monitoramento de sintomas traz semelhante benefício sem custo adicional.
Estes estudos mostram ainda que o benefício das intervenções educativas é perdido quando não se mantém um dos princípios da APS: a longitudinalidade (ou continuidade do contato). O contato regular com o paciente permite o reconhecimento do padrão de sintomas, a observação do uso da medicação inalatória no consultório (já que 75% dos pacientes a usam de forma inadequada), a intervenção precoce sobre sintomas iniciais e a orientação de o que o paciente pode fazer em casa ao identificar estes sintomas.
Cabe aos gestores considerar a disponibilização do medidor de pico de fluxo expiratório, bem como fortalecer a orientação das unidades para a longitudinalidade do cuidado e o estabelecimento de estratégias de educação e monitoramento da asma. Embora ainda poucos estudos abordem a questão dos custos de forma homogênea, parece necessário um investimento que traz aumento dos custos diretos iniciais, mas redução dos custos indiretos e tendência estatística à redução dos custos totais1.