Qual pomada/cobertura seria indicada para desbridamento autolítico ou enzimático de lesões com tecido desvitalizado?

| 29 maio 2019 | ID: sofs-41851
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O desbridamento autolítico tem como fatores terapêuticos a hidratação do leito da ferida, fibrinólise e consequente ação de enzimas endógenas sobre o esfacelo/tecido desvitalizado(1,2). Auxiliam no desbridamento autolítico: hidrogel, alginato de cálcio, hidrocolóide e até filmes transparentes. O hidrogel é, na prática, o produto mais utilizado com bons resultados. O Alginato em fita ou placa é mais indicado quando se deseja controlar o exsudato.

O desbridamento enzimático atua com a ação da enzima (mais comuns a Colagenase clostridiopeptidase, bromalina e papaína) quebrando as fibras de colágeno que unem o tecido necrosado ou esfacelado ao leito da ferida(3). A base de colagenase é a mais utilizada com bons resultados. Para aplicação de pomadas enzimáticas é importante alguns cuidados:

– O tecido precisa estar úmido ou com exsudação leve a moderada para que a enzima atue(3);

– Não podem ser associados com produtos que contenham prata na composição porque a prata inativa a ação da enzima(4);

– Suspender uso quando o desbridamento é conseguido e o tecido de granulação esteja bem definido. A partir desse ponto, associar ao desbridamento autolítico(4);

– A colagenase é irritante para a pele saudável ao redor da ferida, por isso é importante o cuidado com uma fina camada de pomada no tecido desvitalizado e cuidado para não extravasar a área ou aplicar produtos barreira na pele perilesional como forma de prevenção(4).


A decisão para o desbridamento autolítico ou enzimático depende das características da ferida, quantidade e aspecto do exsudato e tolerabilidade do paciente. Na maior parte das vezes, as duas técnicas são bem toleradas(1). Se o tecido desvitalizado não permite visualização do leito da ferida, é importante fazer pequenos cortes para que o produto penetre(2).

 

Exsudato em excesso pode ser prejudicial à pele perilesional e exige utilização de coberturas para o controle deste (como alginato, espumas, produtos barreira, etc).

O aparecimento de febre e inflamação aumentada pode sugerir infecção sistêmica, devendo ser discutido com o médico a necessidade de iniciar o tratamento antibiótico sistêmico(3,4).

Bibliografia Selecionada:

  1. Poston J. Sharp debridement of devitalized tissue: the nurse’s role. Br J Nurs. 1996 Jun 13-26;5(11):655-6, 658-62. Disponível em: https://www.magonlinelibrary.com/doi/abs/10.12968/bjon.1996.5.11.655
  2. Atkin L, Rippon M. Autolysis: mechanisms of action in the removal of devitalised tissue. Br J Nurs. 2016 Nov 10;25(20 Suppl):S40-S47. Disponível em: http://www.magonlinelibrary.com/doi/full/10.12968/bjon.2016.25.20.S40?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed
  3. Ramundo J, Gray M. Collagenase for Enzymatic Debridement: A Systematic Review. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2009 Nov-Dec;36(6 Suppl):S4-11. Disponível em: http://journals.lww.com/jwocnonline/Fulltext/2009/11001/Collagenase_for_Enzymatic_Debridement__A.2.aspx
  4. Ramundo J, Gray M. Enzymatic wound debridement. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2008 May-Jun;35(3):273-80. Disponível em: http://www.nursingcenter.com/library/JournalArticle.asp?Article_ID=794501