O desbridamento autolítico tem como fatores terapêuticos a hidratação do leito da ferida, fibrinólise e consequente ação de enzimas endógenas sobre o esfacelo/tecido desvitalizado(1,2). Auxiliam no desbridamento autolítico: hidrogel, alginato de cálcio, hidrocolóide e até filmes transparentes. O hidrogel é, na prática, o produto mais utilizado com bons resultados. O Alginato em fita ou placa é mais indicado quando se deseja controlar o exsudato.
O desbridamento enzimático atua com a ação da enzima (mais comuns a Colagenase clostridiopeptidase, bromalina e papaína) quebrando as fibras de colágeno que unem o tecido necrosado ou esfacelado ao leito da ferida(3). A base de colagenase é a mais utilizada com bons resultados. Para aplicação de pomadas enzimáticas é importante alguns cuidados:
– O tecido precisa estar úmido ou com exsudação leve a moderada para que a enzima atue(3);
– Não podem ser associados com produtos que contenham prata na composição porque a prata inativa a ação da enzima(4);
– Suspender uso quando o desbridamento é conseguido e o tecido de granulação esteja bem definido. A partir desse ponto, associar ao desbridamento autolítico(4);
– A colagenase é irritante para a pele saudável ao redor da ferida, por isso é importante o cuidado com uma fina camada de pomada no tecido desvitalizado e cuidado para não extravasar a área ou aplicar produtos barreira na pele perilesional como forma de prevenção(4).
A decisão para o desbridamento autolítico ou enzimático depende das características da ferida, quantidade e aspecto do exsudato e tolerabilidade do paciente. Na maior parte das vezes, as duas técnicas são bem toleradas(1). Se o tecido desvitalizado não permite visualização do leito da ferida, é importante fazer pequenos cortes para que o produto penetre(2).
Exsudato em excesso pode ser prejudicial à pele perilesional e exige utilização de coberturas para o controle deste (como alginato, espumas, produtos barreira, etc).
O aparecimento de febre e inflamação aumentada pode sugerir infecção sistêmica, devendo ser discutido com o médico a necessidade de iniciar o tratamento antibiótico sistêmico(3,4).