Para iniciar o tratamento odontológico do paciente com sífilis é preciso aguardar o término do tratamento da doença?

| 19 março 2019 | ID: sofs-41705
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , ,

O acesso ao cuidado médico e odontológico ao portador de sífilis deve ser garantido em toda e qualquer fase de seu tratamento, visando acompanhar seu estado de saúde geral e promover os cuidados necessários ao seu bem-estar.


Os pacientes apresentando lesões orais de sífilis devem ser tratados dando prioridade às lesões dos tecidos da mucosa oral, deixando o tratamento ambulatorial de rotina para um segundo tempo, a não ser que o mesmo apresente sintomatologia de dor odontogênica1.
É imprescindível o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), bem como a execução de todos os procedimentos de biossegurança, a fim de, não apenas evitar a contaminação cruzada entre os pacientes, mas, também, a contaminação do próprio profissional de saúde2.
Complementação
A sífilis é classificada de acordo com características clínicas, imunológicas e histopatológicas em três fases (primária, secundária e terciária) e apresenta diferentes sintomatologias e manifestações clínicas, inclusive manifestações bucais3.
Os cancros orais, geralmente uma lesão ulcerada e indolor, são observados em cerca de 4% a 12% dos pacientes com sífilis primária e ocorrem no local de penetração do organismo na mucosa. Os locais mais comuns são língua, gengiva, palato mole e lábios4.
As lesões orais mais bem reconhecidas e características da sífilis secundária são as placas mucosas, caracterizadas como placas branco-acinzentadas múltiplas, podendo ocorrer em qualquer superfície mucosa, desde a língua e gengivas até a orofaringe e região das fauces5.
A sífilis terciária se manifesta na cavidade oral como goma localizada, principalmente, no palato duro. A característica dessa lesão é a formação de granulomas destrutivos não infectantes, indolores, aparecendo como lesão endurecida, nodular ou ulcerada6.
Atributos da APS
Ao paciente portador de sífilis deve ser garantido o acesso e o acompanhamento na Unidade de Saúde pela equipe multidisciplinar. Caso seja necessário, o paciente deve ser encaminhado a outros especialistas. A longitudinalidade é essencial para acompanhamento da evolução do paciente, principalmente gestantes com sífilis, fazendo com que elas façam o tratamento completo, serão evitados casos de sífilis congênita e todas as suas complicações. Como elementos fundamentais no enfrentamento da transmissão vertical, as ações de diagnóstico e prevenção precisam ser reforçadas especialmente no pré-natal e parto; porém idealmente essas ações seriam mais efetivas se realizadas com a população em geral, ainda antes de a gravidez ocorrer.

SOF relacionada
Quais os cuidados para o tratamento odontológico de pacientes com sífilis?

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. Diretrizes para controle da sífilis congênita: manual de bolso. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf
  2. Núcleo de Telessaúde Sergipe. Quais os cuidados para o tratamento odontológico de pacientes com sífilis? Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/quais-os-cuidados-para-o-tratamento-odontologico-de-pacientes-com-sifilis/
  3. Moleri AB, Lobo CB, Santos FR, Silva EJ, Gouvêas CVD, Moreira LC. Diagnóstico diferencial das manifestações da sífilis e da aids com líquen plano na boca: relato de caso. J Bras Doenças Sex Transm. 2012; 24(2):113-7. Disponível em: http://www.dst.uff.br/revista24-2-2012/10_Diagnostico_Diferencial_SIfilis.pdf
  4. Fregnani ER, Perez-de-Oliveira ME, Parahyba CF, Perez DEC. Primary syphilis: an uncommon manifestation in the oral cavity. Journal of the Formosan Medical Association. 2017; 116:326-327. Disponível em: https://reader.elsevier.com/reader/sd/pii/S0929664616301462?token=8B0F5E9713A1866DC23B351ECF50B9D7C12192E959B9DF1EA747433633BFB1E47E9F1A4179A5789635F72F3E8CD917AB
  5. Paulo LFBde, Servato JPS, Oliveira MTF, Durighetto Jr AF, Barbosa DZ. Oral manifestations of secondary syphilis. International Journal of Infectious Diseases 2015; 35:40-2. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jvatitd/v10n1/a02v10n1.pdf
  6. Kalinin Y, Passarelli Neto A, Passarelli DHC. Sífilis: aspectos clínicos, transmissão,  manifestações orais, diagnóstico e tratamento. Odonto 2015; 23(45-46):65-76. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/Odonto/article/view/6497