O uso de repelentes na gestação é seguro e está indicado como forma de proteção contra picadas de mosquitos, incluindo o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika Vírus.
O DEET (N-N-dietil-3-metil-toluamida) é a substância mais bem estudada e a mais fácil de ser encontrada no Brasil. Existem estudos em humanos, durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação, e em animais, durante o primeiro trimestre, que demonstraram segurança para uso na gestação. O uso tópico do DEET não demonstrou resultados adversos em recém-nascidos e no seguimento até um ano de idade, quando comparados ao grupo que não usou a substância.
Os repelentes à base de DEET (exemplo: OFF! Family®, Super Repelex®) encontrados no Brasil apresentam concentrações entre 11 e 15% e são indicados para uso acima de 12 anos. Seu tempo de ação é de cerca de 6 horas.
Apresentações infantis, para uso acima de 2 anos, com concentrações de 6 a 9% (exemplo: OFF! Kids®, Super Repelex Kids®, Out Inset®) têm duração de 2 a 4 horas. Devido à necessidade de reaplicação em menor intervalo de tempo, são menos recomendados para adultos.
Produtos com outros ativos repelentes também podem ser utilizados. Estes ingredientes são menos estudados, porém reconhecidamente seguros para uso conforme compêndios de ingredientes cosméticos internacionais. Apresentam baixa absorção sistêmica quando em uso tópico.
A icaridina (exemplo: Exposis®), em concentrações de 20 a 25%, tem tempo de ação estimada de até 10 horas, e pode ser utilizada na gestação. O IR3535 (exemplo: Johnson´s baby loção antimosquito®) é uma loção recomendada para uso em crianças entre 6 meses e 2 anos, tem um tempo de ação menor, no máximo 4 horas, não conferindo proteção em períodos mais longos.
Os repelentes naturais à base de citronela apresentam tempo de proteção muito curto, cerca de 20 a 30 minutos, por isso não são seguros para proteção da pele por um período prolongado.
É importante também que as gestantes adotem outras medidas de proteção como manter portas e janelas fechadas ou com telas e usar calça e camisa de manga comprida.
SOF relacionadas:
1. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 19, de 10 de abril de 2013. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0019_10_04_2013.html
2. Brasil. Ministério da Saúde. Uso de repelentes de inseto durante a gravidez. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/novembro/26/Nota-T–cnica-2015-Uso-de-repelentes-cosm–ticos-durante-a-gravidez.pdf
3. McGready R, Hamilton KA, Simpson JA, Cho T, Luxemburger C, Edwards R, Looareesuwan S, White NJ, Nosten F, Lindsay SW. Safety of the insect repellent N,N-diethyl-M-toluamide (DEET) in pregnancy. Am J Trop Med Hyg. 2001 Oct;65(4):285-9. Disponível em: http://www.ajtmh.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=11693870
4. Carroll ID, Toovey S, Van Gompel A. Dengue fever and pregnancy – a review and comment. Travel Med Infect Dis. 2007 May;5(3):183-8. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1477-8939(06)00128-1
5. Centers for Disease Control and Prevention. Protection against mosquitoes, ticks, & other arthropods. Atlanta: CDC. 2015. Disponível em: https://wwwnc.cdc.gov/travel/yellowbook/2018/the-pre-travel-consultation/protection-against-mosquitoes-ticks-other-arthropods
6. Koren G, Matsui D, Bailey B. DEET-based insect repellents: safety implications for children and pregnant and lactating women. CMAJ. 2003 Aug 5;169(3):209-12. Erratum in: CMAJ. 2003 Aug 19;169(4):283. Disponível em: http://www.cmaj.ca/content/cmaj/169/3/209.full.pdf