Uma mulher, que teve antecedente de Zika, corre risco de ter um bebê com microcefalia quando engravidar?

| 9 agosto 2018 | ID: sofs-40621
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

Sim. As recomendações quanto ao tempo seguro entre a exposição ao vírus e a gravidez não são baseadas em dados robustos e esta questão ainda demanda mais pesquisas. Entretanto, segundo a agência controladora americana, Centers for Disease Control and Prevention (CDC), para homens e mulheres que tenham sido diagnosticados com zika vírus ou tenham tido possível exposição ao vírus, mesmo que não tenham sintomas, recomenda-se que os profissionais de saúde aconselhem:


• As mulheres devem aguardar pelo menos 8 semanas após o aparecimento dos primeiros sintomas ou a última exposição possível ao Zika vírus antes de tentar engravidar.
• Os homens devem aguardar pelo menos 6 meses após o aparecimento dos primeiros sintomas ou a última exposição possível ao Zika vírus antes de tentar engravidar sua parceira.
• Os pacientes também devem ser aconselhados a usar preservativos correta e consistentemente além do método anticoncepcional escolhido para sexo vaginal, anal e oral ou abster-se de sexo durante esse período se estiverem preocupados com a possibilidade de transmitir o Zika vírus a seus parceiros sexuais.
• Considerando os dados limitados disponíveis, homens e mulheres com possível exposição ao Zika vírus podem optar por esperar mais tempo do que o recomendado para conceber, dependendo das circunstâncias individuais e da tolerância a riscos.

Complementação:
No caso de mulheres já grávidas, como não é claro o período gestacional de maior risco para complicações por infecção do vírus, orienta-se que, em todo o período gestacional, tenham cuidado com exposição ao mosquito vetor, utilizando vestimentas longas, aplicando repelentes (a base de DEET ou icaridina); empreguem mosquiteiros e combatam-se focos de proliferação do mosquito. Como algumas pessoas com infecção pelo Zika poder ser assintomáticas, e não há comprovação de outras vias de transmissão, sugere-se utilização de utensílios pessoais (copos, talheres etc.) separadamente e ter relações sexuais protegidas. Orienta-se ainda que caso haja sintomas de manchas vermelhas no corpo, dores articulares e febre, buscar de imediato a equipe da APS. A amamentação não é contra indicada.

Atributos da APS:

Longitudinalidade – Gestantes em risco deverão ser acompanhadas e orientadas durante todo o pré-natal e puerpério pela equipe de ESF e APS.
Orientação Profissional –  Durante as visitas domiciliares, o ACS deverá:
• Orientar gestantes o uso de repelentes e mosquiteiros sobre cama e/ou redes.
• Controle dos focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti.
• Orientar o planejamento familiar para mulheres em idade fértil para que evitem engravidar até que sejam estabelecidas estratégias para controle do surto.
• Aferir o perímetro cefálico de todos os recém nascidos. Notificar aqueles que possuem perímetro inferior a 32cm.
Orientação comunitária – Desenvolvimento de ações educativas na comunidade, com atenção especial as gestantes, como forma de estimular a prevenção de doenças e promoção da saúde.

Sof Relacionada:

Qual a conduta no pré natal para gestante que teve Zika e/ou Chikungunya anterior à gestação?

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional: procedimentos para o monitoramento das alterações no crescimento e desenvolvimento a partir da gestação até a primeira infância, relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infeciosas dentro da capacidade operacional do SUS. Brasília; 2017:158p. [acesso em 25 jun 2018]. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/dezembro/12/orientacoes-integradas-vigilancia-atencao.pdf
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika. Brasília; 2015:55p.  [acesso em 25 jun 2018]. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/dezembro/09/Microcefalia—Protocolo-de-vigil–ncia-e-resposta—vers–o-1—-09dez2015-8h.pdf
3. United States of America. Centers for Disease Control and Prevention. Zika virus. Atlanta; 2016 [internet]. [access in 2018, jun 25]. Disponível em: https://www.cdc.gov/zika/pregnancy/index.html
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico. 2015;46:1-7. [acesso em 25 jun 2018]. Disponível em: http://www.ebserh.gov.br/documents/16888/0/Boletim+Zika+-+SVS+(1).pdf/f354925c-a453-490b-a19b-a13700704657