Uma das causas mais comuns de cefaleia crônica diária é o abuso de analgésico. Esta condição é diagnosticada quando o paciente apresenta cefaleia por pelo menos 15 dias ao mês e faz uso de analgésicos simples por pelo menos 15 dias ou múltiplos analgésicos por pelo menos 10 dias. Na prática, devemos suspeitar sempre que o paciente tomar analgésicos pelo menos uma vez por semana.
Usualmente é decorrente de um quadro de migrânea ou cefaleia tipo tensional, que, com o uso abusivo de analgésicos, acaba por modificar as características da dor. Embora a maioria dos casos seja decorrente de quadros benignos, devemos sempre estar atentos para a presença de fatores de alerta para a cefaleia. O manejo dessa condição envolve os seguintes passos:
– Diagnosticar o tipo de cefaleia que desencadeou o abuso de analgésico, buscando as características iniciais da dor.
– Usualmente, o paciente apresenta cefaleia tipo tensional ou migrânea.
– Educar o paciente sobre a benignidade da cefaleia primária e sobre o uso abusivo de analgésicos levar a um quadro de cefaleia crônica.
– Suspender imediatamente o uso dos analgésicos.
– Iniciar “terapia-ponte”: prescrever de maneira fixa, independente da dor, antiinflamatório não esteroide ou corticoide, por uma semana. Sugere-se o uso de Naproxeno 550 mg, a cada 12 horas, por uma semana ou Prednisona 60 mg, uma vez por dia, durante uma semana.
– Iniciar medicamento profilático de acordo com o tipo de cefaleia que o paciente apresente, juntamente com a “terapia-ponte”. Se o paciente apresentar cefaleia tipo tensional, prescrever tricíclico em baixa dose; se apresentar enxaqueca, utilizar tricíclico em baixa dose, betabloqueador ou anticonvulsivante.
– Após o período da “terapia-ponte”, prescrever medicamento analgésico apropriado.
– Manter o seguimento e monitorar a frequência das crises e a tolerância ao medicamento profilático prescrito.
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